Ekranoplano (Navio Voador Soviético)

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Ekranoplano (do russo: экраноплан) é uma classe de aeródinos com características peculiares, diferente dos hidroaviõesaerobarcos e hovercrafts, identificados normalmente por GEV (Ground Effect Vehicle). O termo deriva da denominação que recebe em russo o efeito solo, экранный эффект (ecranniy effect).
Inventado pelo engenheiro naval soviético Alexeyev Rostislav Evgenievich nos anos 50, o Ekranoplano foi projetado para se movimentar voando a poucos metros de altura sobre uma superfície plana, geralmente aquática aproveitando o chamado efeito solo, evitando desta forma ser detetado pelos radares inimigos.
Diferentemente dos aviões convencionais, que voam em razão da baixa pressão produzida sobre as asas, os Ekranoplanos utilizam o efeito solo que causa uma sobrepressão sob as asas, criando um colchão de ar que dá sustentação à aeronave em voo rasante.
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Ano
1966 
Pais de Origem
URSS
Função
Ataque Naval anti-superfície
Variante
MD-160
Tripulação
15
Motor
8 x turbofans Kuznetsov NK-87
Peso (kg)
Vazio
286000
Máximo 
380000

Dimensões (m)
Comprimento 
78,30
Envergadura
44,00
Altura 
19,20
Performance 
(km/h; m; km)
Velocidade
550
Teto Máximo
10
Raio de ação
2000
Armamento
 6 x misseis de cruzeiro anti-navio P-270 Moskit
4 x canhões Gryazev-Shipunov GSh-23 de 23 mm com 2400 projéteis cada 
Países operadores
URSS, Russia
Fontes
En.wikipedia.org
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GALERIA
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KM, o primeiro ekranoplano
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KM, numa diferente configuração
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A-90 Orlyonok
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A-90 Orlyonok
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MD-160 Lun
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MD-160 Lun
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HISTÓRIA
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Durante a Guerra Fria, os Ekranoplanos foram avistados no Mar Cáspio, pelos satélites espiões da CIA (Central Intelligence Agency), que sem conseguir identificar claramente o veículo de tão grandes dimensões que se parecia com um avião sem uma parte das asas e se deslocava sobre as aguas a elevada velocidade, os apelidou de Monstros do Mar Cáspio. Só no final da guerra fria o "monstro" foi revelado como um “avião” secreto dos militares russos, desenhado para voar a apenas alguns metros da água, economizando energia e ficando abaixo do radar inimigo. 

O veiculo não identificado em concreto era o KM (do Russo:Корабль-макет, que significa aeronave experimental), apelidado de “Kaspian Monster”, tinha 92 m de comprimento, 37,60 metros de envergadura, pesava 544 toneladas em plena carga, podendo viajar a uma velocidade de cruzeiro de 430 km/h e atingir uma velocidade máxima de 500 km/h, não apenas sobre a água, mas também sobre o gelo, neve ou terreno plano com igual facilidade.

  • CHDB KM “Kaspian Monster”
KM avistado pelos satélites da CIA no mar Cáspio 
O KM fora a primeira de uma serie de aeronaves experimentais designados pelos Soviéticos de "ekranoplan", desenvolvida e projetada por Rostislav Evgenievich Alexeyev do Central Hydrofoil Design Bureau, concebido como uma plataforma de teste para examinar as possibilidades da Asa de Efeito Solo, WIG (Wing in Ground), que, em termos muito simples, descreve o efeito aerodinâmico de uma asa que em deslocação junto ao solo fornece uma força de sustentação muito superior aquela que fornece em deslocação mais afastada do solo, permitindo uma combinação de maior peso da aeronave com menos potência e/ou maior economia de combustível.

Talvez o investigador mais bem sucedido neste campo, Rostislav Alexeyev, foi chefe da Central Hydrofoil Design Bureau, da União Soviética a partir da década de 1950 até o início dos anos 1970.

Alexeyev começara por desenvolver aerobarcos, barcos equipados com asas subaquáticas, quando o barco se desloca, elevam o seu casco para cima e para fora da água permitindo-lhe atingir elevadas velocidades de cruzeiro.


O KM deslocava um máximo de  544 toneladas
a uma velocidade de cruzeiro de 430 km/h
a uma altitude máxima de 3 metros
Mas Alexeyev rapidamente percebeu que a velocidade de um aerobarco era fortemente limitada pelo arrasto criado pela água densa na asa e no casco. A solução para ultrapassar este efeito era elevar todo o veiculo acima da superfície da água, um veiculo do tamanho de um barco com as asas acima da superfície da água que lhe permitiriam “voar” a baixas altitudes, a ainda assim transportar cargas maciças, e com a vantagem adicional de ao voar em baixas altitudes, se deslocar abaixo da faixa de deteção dos radares inimigos. Alexeyev iria apelidar esta nova classe de veículos de Ekranoplano, desenvolvendo uma série de projetos sub-escala em testes experimentais que culminaram em 1965 com a conclusão do KM, o maior veículo WIG já construído. O colossal KM realizaria o seu voo inaugural em 18 de outubro de 1966, alimentado por oito turbojatos Dobryin VD-7 na parte da frente da fuselagem, e dois na cauda para o impulso extra durante a descolagem.

A carreira do KM foi longa, de 1966 a 1980, altura em
que se despenhou devido a um erro de pilotagem
Os oito motores da frente foram montados perto do nariz do veículo de modo que a sua pressão pudesse ser desviado por baixo da asa para criar uma almofada de ar inicial de que o KM necessitava para se levantar da para fora da água a uma altitude que podia variar ente os trinta centímetros e os três metros, podendo sem problemas enfrentar uma ondulação de, até, cinco metros. Uma vez fora de água e a viajar a uma velocidade suficiente para que as asas gerassem sustentação suficiente para manter o veículo acima da água, o impulso era redirecionada para os motores da retaguarda aumentando assim a velocidade.

Embora um protótipo o KM teria uma carreira bastante extensa durante a qual foi também extensivamente modificado e testado, sua envergadura, por exemplo, variou entre os 32 e os 40 metros e o seu comprimento entre os 92 e os 106.

A carreira do KM terminaria em 1980, quando o piloto desobedecendo as instruções de pilotagem, ao invés de aproximar o aparelho da superfície optou por elevá-lo, fato que provocou a perda da sustentação e o despenhamento da aeronave no Mar Cáspio afundando-se de seguida. Seria feita posteriormente uma tentativa de o trazer para a superfície, mas que sairia frustrada devido ao seu elevado peso.

  • CHDB A-90 Orlyonok ( Eaglet)
A-90 Orlyonok junto a um navio da frota soviética
Enquanto o programa KM estava em curso, Alexeyev começou a trabalhar num ekranoplano de tamanho médio, apropriado para tarefas de transporte militar que viria a ser designado por A-90 Orlyonok. 

A primeira unidade de voo (S-23) foi inicialmente testado no rio Volga, no Outono de 1972, e no ano seguinte foi desmontado e transportado para o Mar Cáspio para continuação dos testes. Em 1975, o S-23, despenhou-se durante um voo de teste, devido, conforme mais tarde seria apurado, a uma deficiência na liga utilizada para o casco. Por isso nas quatro unidades construídas posteriormente entre 1978 e 1980, os S-21, S-25 e S-26, seria utilizada uma liga diferente). Estes A-90 Orlyonok entraram ao serviço da Forças armadas soviéticas em 1979 permanecendo ao serviço até 1993.

O A-90 Orlyonok fora concebido como um transporte mas também como um veículo anfíbio de assalto, por isso foi equipado com rodas (ao contrário dos restantes ekranoplanos construídos) que lhe permitia descolar a partir do solo. Tinha uma envergadura total de 31,50 metros e um comprimento de 58,10 metros, sendo operado por uma tripulação de 6 homens.

A-90 Orlyonok em voo
O layout dos motores do A-90 Orlyonok era incomum, resultado das necessidades especiais de uma aeronave tão pouco convencional. Montado na parte superior da cauda, estava um enorme e poderoso motor turboélice Kuznetsov NK-12, (o maior motor deste tipo até hoje construído), que fornecia potência em velocidade de cruzeiro. No nariz estavam montados dois motores turbofan Kuznetsov NK-8-4K com as entradas de ar na parte superior (permitindo reduzir os riscos de ingestão água, aves, ou outros objetos) e os ductos de exaustão vetorial lateralmente na fuselagem. A exaustão vetorial, permitia produzir empuxo PAR (Power Augmented Ram), quando dirigidos para baixo das asas criando um poder de sustentação adicional.Em velocidade de cruzeiro em pleno uso do efeito de solo, os motores dianteiros poderiam ser desligados uma vez que eram desnecessários para manter o ekranoplano em voo. 

A descolagem e aterragem eram auxiliadas por flaps de grande dimensão que aumentavam consideravelmente a sustentação ao capturar o fluxo dos motores (empuxo PAR) por baixo das asas. A aterragem na agua era auxiliada por um hidrofólio, que se estendia para fora da barriga da embarcação a seguir às asas principais.

O A-90 dispunha de um trem provido de rodas para
operações anfíbias
Para defesa dispunha de duas metralhadoras de 12,7mm instaladas numa torreta rotativa dorsal localizada logo atrás da cabina de pilotagem.

A frente do A-90 Orlyonok articulava-se logo atrás da cabina e dos exaustores dos motores para dar acesso à área de carga provida de uma rampa para permitia facilmente o desembarque de infantaria ou de veículos blindados sem apoio externo. O porão de carga tinha capacidade para 150 homens ou dois veículos blindados ligeiros, até um total 28000 kg de carga.

O A-90 Orlyonok deslocava no máximo 140,000 kg, podendo atingir velocidades na ordem dos 400Km/h, a distâncias de 1500 km, a uma altitude que variava entre 5 a 10 metros.

  • CHDB MD-160 Lun (Duck) 
A queda do A-90 Orlyonok S-23 durante os testes militares soviéticos em 1972, foi usado como desculpa para afastar Alexeyev como projetista-chefe da Central Hydrofoil Design Bureau. A partir daí viveria afastado do trabalho cientifico, até a sua morte em 1980, com 63 anos de idade. Após a queda da União Soviética, o trabalho de Alexeyev tornou-se conhecido do público e gerou um grande interesse de todo o mundo tornando-o conhecido como o pai dos GEV (veículos de efeito solo).

O MD-190 voava a 5 metros da superfície a uma
velocidade máxima de 550 km/h
Alexeyev não viveria o tempo suficiente para ver um dos seus outros projetos tomar forma. O ekranoplano militar MD-160 Lun (referido pelo nome de código Duck, pela NATO), que entraria ao serviço da Frota Soviética do Mar Negro em 1987. O Lun era um ekranoplano de grandes dimensões, com 78,30 metros de comprimento, 44,00 metros de envergadura e 19,20 metros de altura, deslocando 286 toneladas (380 toneladas de peso máximo à descolagem) a uma velocidade máxima de 550 km/h, a uma altitude de 5 metros e uma autonomia de 2000 km. 

Era alimentado por oito turbofans Kuznetsov NK-87 , montados em canards localizado logo atras da cabina de pilotagem, cada uma produzindo 127,4 kN de empuxo. O motores dispunham de ductos de exaustão vetorial capazes de dirigir o fluxo para baixo das asas equipadas com flaps de grandes dimensões destinados a capturar o fluxo para fornecer a sustentação necessária à descolagem.

Destinado ao combate anti-superfície (Anti-surface warfare), o Lun estava armado com seis misseis de cruzeiro anti-navio P-270 Moskit (3M80 ou na nomenclatura NATO, SS-N-22 Sunburn) com os tubos de lançamento montados aos pares na superfície dorsal e os sistemas de radar para controlo e seguimento montados no nariz e na cauda. Apesar da elevada velocidade do MD-160 Lun, os seus misseis podiam ser disparado com ele em movimento.

Para defesa estava armado com dois pares de canhões Gryazev-Shipunov GSh-23 de 23mm em duas torres, uma por baixo do primeiro par de tubos de lançamento de misseis e outra na cauda.

Os misseis de cruzeiro P-270 Moskit podiam ser disparados
 com o MD-160 em peno voo
Apenas um MD-160 Lun foi construído. Concluído em 1987 mantendo-se em operação na Frota Soviética do Mar Negro até uma data não determinada da década de 1990. Outrora temido pelos navios de guerra convencionais o MD-160 Lum encontra-se atualmente numa doca em Kaspiysk, no Daguestão, uma republica do Cáucaso controlada pela Rússia, na costa do mar Cáspio. Agora é pouco mais do que um pedaço de sucata metálica de formas aerodinâmicas e provavelmente nunca voltará a voar .

Um outro ekranoplano da mesma classe, projetado para uso como hospital de campo de implantação rápida a qualquer oceano ou localização costeira designado por Spasatel (Salvador), estava cerca de 90% concluído, quando foi cortado o financiamento militar após o colapso da União Soviética em 1991, nunca chegando a ser concluído.

  • CHDB A-050
Recentemente no MAKS-2015 Georgy Antsev projetista-chefe da Akekseyev Central Hydrofoil Design Bureau (CHDB) anunciou que a sua empresa estava a trabalhar no projeto e um novo ekranoplano militar médio o A-050.

A-050 apresentado pela CHDB na exibição aérea MARS-2015
Antsev disse que o A-050 contará com aviónicos e equipamentos de navegação modernos, terá um peso de decolagem máximo de 54 toneladas e capacidade de transporte de carga de de nove toneladas. Será alimentado por dois motores turbojato Soyuz/Gavrilov R-195, como motores de reforço (como no avião de ataque ao solo Su-25),e por dois motores turboélice Klimov TV7-117SM (como no avião Il-114), que lhe proporcionarão um alcance efetivo de 5000 km, a uma velocidade entre os 350 e 450 Km/h.

De acordo com fontes militares russas o A-050 poderá ser armado com misseis de cruzeiro.

O CHDB exibiu também nessa mostra dois outros conceitos de ekranoplano. O primeiro era um veículo de transporte de passageiros, enquanto o segundo era uma embarcação de patrulha de alta velocidade com armas de disparo para a frente, uma opção ideal para missões anti-pirataria e policiamento do litoral, uma vez que eles voam apenas alguns metros acima da água, podendo por isso ser seria invisíveis aos radares.

DESENHOS
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PERFIL
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FONTES
VER TAMBÉM
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Ekranoplan MD-160 Lun (Duck) em Kaspiysk, Russia, 2010

Ekranoplan MD-160 Lun (Duck) Kaspiysk, Russia, 2010

Frente do casco e motires de bombordo do MD-160 Lun

Ductos de exaustão vetorial dos motores do MD-160 Lun

Flaps de grandes dimensões das asas do MD-160 Lun 

O MD-160 Lun é atualmente apenas uma reliquia, entre muitas, dos tempos da Guerra Fria sepultada em  Kaspiysk, nas margens do Mar Cáspio