Westland Welkin

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O Westland Welkin foi um caça britânico, projetado pela WestlandAircraft Company com base no design do Westland Whirlwind, para operar a elevadas altitudes. A necessidade de uma aeronave com a suas características, surgiu no rescaldo da Batalha de Inglaterra, para responder às incursões feitas pelos Junkers Ju 86P, que voavam acima do teto operacional dos caças de que dispunha a RAF no momento, e que suscitavam o receio do reatar dos bombardeamentos da Luftwaffe, mas agora a uma altitude fora do alcance dos caças britânico. Apesar de baseado no projeto do Whirlwind, a sua função ditou um design muito mais extremo, marcado por asas de grande envergadura semelhantes às dos planadores recortadas por grandes nacelas para os motores. Embora os testes tivessem demonstrado a sua viabilidade para intercetar bombardeiros que operassem a altitudes extremas quando a sua construção em serie foi iniciada em 1942 a ameaça tinha desaparecido, consequentemente, apenas um pequeno número de aeronaves, foi construído, nenhuma das quais seria operacionalizada pela RAF.
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GALERIA

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Westland Welkin (Protótipo)
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Westland Welkin (Protótipo)
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Westland Welkin (Protótipo)
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Westland Welkin F Mk I
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Westland Welkin F Mk I
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Westland Welkin NF Mk II









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HISTÓRIA
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  • Origem
Terminado o auge da Batalha de Inglaterra enquanto o Westland Whirlwind procurava o seu lugar nos ativos operacionais da RAF, uma nova ameaça parecia desenhar-se nos céus da Grã-Bretanha quando foram detetados voos de reconhecimento levados a cabo por bombardeiros Junkers Ju 86P, bombardeiros Ju 86 especialmente modificados para operarem a altitudes muito elevadas, acima do teto máximo dos caças que estavam à disposição do comando de caças da RAF.

Antes da Segunda Guerra Mundial, poucas aeronaves eram chamadas a operar acima dos 7500 metros, pois os voos a acima dessa altitude sujeitavam as tripulações a frio extremo e falta de oxigênio, o que exigia roupas de pressão aquecidas ou pressurização da cabine. O ar rarefeito exigia que as aeronaves possuíssem asas de grande envergadura para conseguirem fornecer a necessária sustentação e os motores de combustão interna só podiam funcionar a essas altitudes, com eficiência, se possuíssem um compressor que comprimisse o ar antes de o injetar para dentro das câmaras de combustão.

Westland Welkin
No final da Segunda Guerra o Boeing B-17, o Consolidated B-24, e mesmo o Boeing B-29 da USAAF (Forças Aéreas do Exército dos EUA) que possuíam cabinas pressurizadas, raramente se aventuravam acima dos 9000 metros. 

Não era por isso de estranhar que em meados de 1940 a RAF (à semelhanças das restantes forças em conflito) não possuísse qualquer caça capaz de operar acima dos 7500 metros.  

Tudo isso mudou em 1940, quando a Luftwaffe começou a implantar o Junkers Ju-86P, um redesenho radical do obsoleto bombardeiro médio Ju-86 com asas de maior envergadura, cabina pressurizada e motores Junkers Jumo 207 com turbocompressor. O Ju-86P poderia operar em altitudes superiores a 12000 metros, fora do alcance de qualquer caça de produção da época (como o Lockheed U-2 da década de 1950, o Ju-86P podia conduzir missões de reconhecimento estratégico sobre o território inimigo com impunidade total, graças simplesmente ao seu desempenho em altitude).

Perante a potencial ameaça o Ministério do Ar Britânico emitiu a Especificação F.4/40 (posteriormente revista pela F.7/41) a solicitar com caracter de emergência um caça capaz de operar a altitudes elevadas.

A resposta da Westland materializou-se no P.14, um derivado do Whirlwind, mas com características muito diferenciadoras ditadas pelos requisitos e função a que se destinava, sendo a mais visivel a escala acrescida da envergadura e fuselagem.  Os compactos, mas problemáticos motores Rolls-Royce Peregrine do Whirlwind dariam lugar a dois potentes Rolls Royce Merlin 76/77 de 1233 cv equipados com um supercompressor de dois estágios e duas velocidades, e carburador Bendix-Stromberg. Estes mesmos motores que seriam mais tarde utilizados nas versões de alta altitude dos Supermarine Spitfire e De Havilland Mosquito.

Vickers 432
A característica mais importante e complexa do P.14 era, no entanto, a cabina pressurizada, que acabaria por exigir um grande esforço de desenvolvimento para projetar o que se tornaria o Welkin. O resultado desse esforço, foi uma cabina construída em duralumínio aparafusada diretamente a frente da longarina principal coberta por uma canópia de Plexiglas (vidro acrílico), de duas camadas entre as quais era injetado ar quente para evitar a formação de gelo. A pressurização da cabina era proporcionada pelo supercompressor Rotol acoplado ao motor esquerdo (esta era a diferença entre o Merlin 76 e o 77).

Em janeiro de 1941 o Ministério do Ar ordenou a construção de dois protótipos do F.14, para serem submetidos a testes, em competição com o Vickers Tipo 432 que seria equipado com motores Merlin 61.

  • Protótipos e produção

O primeiro dos protótipos F.14, entretanto denominado Welkin, realizou o primeiro teste de voo em novembro de 1942, mas ficou clara a existência de inúmeros problemas que careciam de resolução, o mais grave dos quais com o sistema hidráulico das hélices de passo variável de quatro pás De Havilland. Os problemas eram no entanto menores que os apresentados pelo concorrente Vickers Tipo 432, que após os primeiros testes de voo em dezembro de 1942 seria cancelado, tendo concluído apenas 28 voos.

Westland Welkin
A semelhança do Welkin  com o Whirlwind, era apenas superficial embora ambos partilhassem alguns traços comuns no design conceptual, visíveis na forma da fuselagem e do conjunto de cauda e na presença  das entradas de ar no bordo de ataque das asas internas para os radiadores localizados no interior das asas.

O Welkin era enorme para um caça monolugar, com um comprimento de 12,65 metros e uma envergadura colossal de 21,34 metros. Em contraste, o Whirlwind tinha 9,83 metros de comprimento, e uma envergadura de apenas 13,72 metros. 

As asas de grande envergadura eram cortadas por nacelas de grandes dimensões que se projetavam bem à frente do nariz mas também para trás do bordo de fuga, e acomodavam quatro tanques de combustível com capacidade total de 1.820 litros, mas apesar disso eram construídas em torno de uma única longarina. As nacelas dos motores acomodavam as rodas e engrenagens do trem de aterragem principal totalmente retrátil de configuração tradicional com roda de cauda, também retrátil.

A cabina pressurizada posicionada bem na frente da fuselagem com o para brisas blindado alinhado com o bordo de ataque das asas, era coberta por uma canópia selada constituída por três partes (duas fixas à fuselagem e a central deslizante para a retaguarda) que permitia manter a pressurização necessária ao voo em altitude, embora a um nível que exigia ainda que o piloto usasse mascara de oxigénio.

O armamento era idêntico, quatro canhões Hispano de 20 mm, mas enquanto os do Whirlwind se posicionavam numa bateria no nariz, os do Welkin posicionavam-se numa bandeja recuada na parte inferior por baixo da cabina com as caixas de munições (138 para cada um dos canhões internos e 145 para cada um dos externos) localizadas logo atrás do assento do piloto. Esta localização do armamento tonava-o mais facilmente acessível em terra para manutenção e municiação do que o do Whirlwind, que exigia a retirado do cone do nariz para essas operações e o espaço disponível limitava o número de munições a apenas 60 por arma.

Westland Welkin
A velocidade máxima calculada do Welkin de 620 km/h e o seu teto de serviço era de 13000 metros enquanto o seu antecessor tinha uma velocidade máxima de 580 km/h e um teto de serviço que não ultrapassava os 9200 metros.

Nos 10 meses seguintes, os protótipos Westland Welkin prosseguiram, os testes durante os quais ocorreram nada menos que cinco aterragens de emergência todas devido a problemas com as hélices, mas em abril de 1943, os voos já aconteciam a uma altitude de 13420 metros e a velocidade que chegava a 595 km/h (menos do que o calculado muito devido à insuficiente eficiência das hélices e ao arrasto excessivo provocado pela grande envergadura das asas.

Não menos importante era o facto do seu  envelope de voo ser muito pequeno (faixa de velocidade exigida para manter o voo sem perda de sustentabilidade) nas altitudes elevadas em que normalmente operava, devido às suas asas longas e grossas, que o tornavam também suscetível à perda de compressibilidade num mergulho de alta velocidade.

Apesar dos incidentes durante os testes, e dos problemas identificados ainda por resolver, o relatório preliminar de  Bascombe Down foi favorável e por isso foi colocada uma encomenda para 200 Westland Welkin.

Westland Welkin com PTBs de 757 litros
As primeiras aeronaves de produção iniciaram os testes de voo em setembro de 1943 mas as duas primeiras foram logo perdidas em acidentes demonstrando que os muitos problemas com o grupo motopropulsor continuavam por resolver.

Também, por esta altura, os Ju-86P e os Ju-86R (bombardeiros) já se haviam retirado e com eles a ameaça que representaram.

A guerra não esperara que o Welkin se desenvolvesse totalmente. Em 24 de agosto de 1942, a Luftwaffe iniciara ataques de bombardeamento a altitudes muito elevadas com o Junkers Ju-86R, capaz de atingir a então fenomenal altitude de 13700 metros, que o tornava virtualmente invulnerável a qualquer tentativa de interceção embora apenas pudesse transportar uma bomba de 225 kg.

No entanto a Grã-Bretanha não colocara todas as cartas no Welkin, desenvolvendo, em paralelo, esforços para melhorar as performances dos seus caças em especial o Supermarine Spitfire. Como resultado a 12 setembro de 1942 um Spitfire Mk IX foi capaz de atacar um Ju-86R a 13500 metros de altitude, o primeiro combate aéreo registado a essa altitude. Embora o Spitfire não tenha conseguido abater o Junkers, a sorte jogou a favor da RAF pois o alto comando da Luftwaffe percebendo que os Spitfire eram capazes de intercetar o seu bombardeiro, supostamente invulnerável, descontinuou o programa de desenvolvimento dos bombardeiros de elevada altitude.

Sem ameaça latente, no início de 1944, a opinião dos avaliadores sobre a aeronave mudou para pior. Aos problemas do grupo motopropulsor juntavam-se, problemas de controlabilidade (dificuldades de equilíbrio, oscilação da alavanca de controle, dificuldade em sair de um mergulho a grandes altitudes, etc.), e manobrabilidade insatisfatória para um caça. A conclusão obvia do comando de caças foi de que o Westland Welkin teria pouca utilidade como caça, mas como a aeronave estava em produção procuraram-se para ela usos alternativos.

Westland Welkin NF Mk II
Planeou-se o seu uso como aeronave de reconhecimento de longo alcance e alta altitude, com autonomia de voo de até 2900 km, caça-bombardeiro de alta altitude com teto máximo de 14500 metros, capaz de transportar até 1800 kg de bombas sob as asas ou caça noturno de dois lugares equipado com um radar AI Mk VIII no nariz alongado. Este último, desenvolvido ao abrigo da especificação F.9/43, foi o que mais avançou em termos de projeto chegando a ser convertidos dois Welkin Mk I, para esta nova especificação designada como Welkin NF Mk II.

O final da Guerra ditou o fim de qualquer tentativa de dar uso aos 75 Westland Welkin que foram construídos, que acabariam convertidos em sucata em finais da década de 1940, sem nunca terem sido operacionalizados pela RAF.

Apesar disso o Westland Welkin, passou para a história como o primeiro caça Britânico com cabina pressurizada e o seu desenvolvimento permitiu a indústria britânica adquirir importantes conhecimentos técnicos e experiência futuramente aplicada na transição para as aeronaves a jato.


FICHA DA AERONAVE
GERAL:
  • ANO DO PRIMEIRO VOO: 1942
  • PAÍS DE ORIGEM:  Reino Unido
  • PRODUÇÃO:  77
  • PAÍSES OPERADORES: Reino Unido
ESPECIFICAÇÕES DE VARIANTE 
  • VARIANTE: Mk I
  • FUNÇÃO: Caça intercetor de altitude
  • TRIPULAÇÃO:  1
  • MOTOR:  2 x Rolls-Royce Merlin 76/77, de 1,233cv
  • PESO VAZIO: 3769 (kg)
  • PESO MÁXIMO NA DESCOLAGEM:  4697 (kg)
  • COMPRIMENTO: 12,65 (m)
  • ENVERGADURA: 21,34 (m)
  • ALTURA: 4,80 (m)
PERFORMANCE
  • VELOCIDADE MÁXIMA:  620 (km/h)
  • RAIO DE COMBATE: 1190 (km)
  • TETO MÁXIMO:  13000  (m)
ARMAMENTO
  • FIXO: 
4 x canhões Hispano-Suiza HS.404 de 20 mm com 138 ou 145 tiros cada

  • CARGA BÉLICA:
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PERFIL
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DESENHOS
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FONTES

REVISÕES E RECURSOS ADICIONAIS
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  • Publicação e Revisões
# Publicado em 2021-08-29 #
  • Recursos Adicionais
# Vickers tipo 432

O Vickers Tipe 432 foi o projeto coocorrente com o Westland P.14, à especificação F.7/41, destinada a obter um interoceptor fortemente armado para fazer face à ameaça esperada dos bombardeiros alemães de alta altitude durante a segunda guerra mundial.

É percetível em sua semelhança com o design icônico do futuro De Havilland Mosquito, embora a construção do Vickers 432 fosse totalmente metálica ao contrário da construção em madeira do Mosquito.

O armamento pretendido eram seis canhões Hispano de 20 mm montados numa bateria ventral sob a fuselagem.

Foram encomendados dois protótipos, mas apenas o primeiro (DZ217) foi construído, na instalação experimental da Vickers em Foxwarren, chegando a voar, secretamente, pela primeira vez em Farnborough em 24 de dezembro de 1942

Vickers tipo 432

Vickers tipo 432

Vickers tipo 432


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