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GALERIA
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HISTÓRIA
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O primeiro Hawker Hurricane Mk I saiu das linhas de montagem em 12 de Outubro de 1937 e, dois meses depois, já equipava algumas das esquadrões de caça do Comando de Caça da Royal Air Force (RAF).
Protótipo, K5083 do Hawker Hurricane, 1935 |
Em 6 de novembro de 1935, o protótipo, K5083 voo pela primeira vez pelas mãos do piloto de testes da Hawker. George Bulman.
Tinha uma fuselagem em viga armada tipo Warren, com longarinas em aço e restantes elementos estruturais em duralumínio, parcialmente revestida de tecido impermeabilizado com dope. A estrutura da asa cantilever era formada por duas longarinas de aço com nervuras em duralumínio igualmente revestidas por tecido impermeabilizado. A partir de 1939 as asas passaram a ter revestimento em duralumínio, que permitia melhorar a velocidade de mergulho do Hurricane e aumentava a capacidade de carga da asa. No inicio da Batalha de Inglaterra existiam ainda ao serviço algumas unidades com as asas de tecido mas a permutabilidade das asas permitiu a sua rápida substituição por asas totalmente metálicas (esta alteração era feita em aproximadamente três horas de trabalho).
Haker Hurricane Mk I |
No final da primeira metade de 1940 os Hurricane (Mk II) passaram a ser alimentados pelo motor Merlin XX, que sendo mais longo alterou o centro de gravidade da aeronave tornando-a mais estável. Os Hurricane MkIIB teriam asas modificadas com suportes para o transporte de duas bombas de 110 ou 230 Kg, mas que também eram frequentemente usados para transportar tanques extra de combustível, aumentando a autonomia das aeronave. Na produção seguinte os Hurricane Mk IIB receberam uma hélice mais longa e o armamento foi reforçado para 12 metralhadoras Browning de 7,7 mm.
Para uso em Africa estes Hurricanes foram tropicalizados com filtros de poeira e equipados com um um kit de sobrevivência no deserto para o piloto, que incluía uma garrafa de água atrás do cockpit (Mk IIB Trop).
Na modificação seguinte, o Hurricane Mk IIC, teria asas ligeiramente modificadas e um novo armamento, quatro canhões Hispano Mk II de 20 mm. Esta modificação destinava-se a tornar o Hurricane apto para efetivamente desempenhar funções de apoio próximo e ataque, sendo por vezes referido como Hurribomber.
Em 1942 alguns Hurricane (MkIID) foram modificados com blindagem adicional para o piloto e armados com dois canhões Vickers S gun de 40 mm instalados um em cada asa num pod tipo gôndola e com quinze tiros cada. Estas aeronaves apelidadas de "Flying Can Openers" operaram a partir de 1941 em operações anti-tanque.
Hawker Hurricane Mk IV |
O Hurricane Mk V seria a ultima versão desenvolvida, com motor Merlin 32 de 1700 cv e hélice de quatro pás, destinava-se a ser usado como aeronave de ataque no teatro da Birmânia, mas apenas foram construídos três protótipos.
Cerca de 640 Hurricane foram construídos no Canadá, nas versões Mk X, Mk XI, Mk XII e Mk XIIA, que usavam motores Packard Merlin 29, de 1300cv e se distinguiam entre si pelas várias combinações de armamento.
Hawker Sea Hurrinane |
Um total de 14,583 Hurricane, seriam produzidos de 1937 a 1944, a maioria dos quais pela Hawker Aircraft . Cerca de 2750 seriam produzidos pela Aircraft Company Gloster, e 300 pela Austin Aero Company no Reino Unidos e a Canadá Car and Foundry em Ontário foi a responsável pela produção dos 1400 Hurricane Mk X canadianos.
Haker Sea Hurricane Mk I na catapulta de um navio CAM |
Em maio de 1940, esquadrões de caças Hurricane foram enviados para França, para prestarem apoio as forças francesas que resistiam a invasão alemã. Durante os dias que se seguiram a sua chegada a França, até ao final da retirada de Dunquerque ( Operação Dynamo) que ocorreu entre 26 de Maio e 3 de junho de 1940, os pilotos de Hurricane reclamaram 499 vitórias e 123 prováveis (embora registos alemães apenas refiram 299 aviões da Luftwaffe abatidos e 65 seriamente danificados por aviões da RAF neste período).Porém as perdas de Hurricane foram bastante elevadas, dos 452 aviões enviados para França apenas 66 regressaram à Grã-Bretanha, tendo 178 sido abandonados nos aeródromos franceses durante a retirada das forças aliadas e os restantes abatidos em combate ou no solo.
Lançamento de um Sea Hurricane de uma catapulta |
Em meados de Julho de 1940, quando os alemães iniciaram os bombardeamentos maciços sobre a Inglaterra, facto que viria a ficar na História como a “Batalha de Inglaterra”, a RAF dispunha de 26 esquadrões equipadas com Hurricane e um mês depois, 2.309 Hurricane equipavam 32 esquadrões (paralelamente os Supermarine Spitfire equipavam apenas 19 esquadrões). A diferença de performances entre estes dois aviões definiu a táctica da sua utilização, os Spitfire enfrentavam os caças germânicos e os Hurricane abatiam os bombardeiros.
A antiquada técnica de construção estrutural em viga armada do Hurricane veio a demonstrar uma vantagem relativamente aos mais modernos Spitife de construção monocoque. A estrutura de montagem tubular do Hurricane e o frágil revestimento em tecido da fuselagem tornavam-no bastante tolerante os tiros de canhão e metralhadoras alemãs, uma vez que permitiam que os projeteis atravessassem o estrutura do avião sem causar danos significativos na sua estrutura. Igualmente os danos eram mais facilmente reparáveis em campo que os danos na estrutura monocoque do Spitfire.
O Hurricane provou também ser uma aeronave relativamente simples de voar à noite e foi fundamental na defesa noturna da Inglaterra às incursões nocturnas da Luftwaffe mas a partir do início de 1941, em larga medida estava já ultrapassado pelos mais modernos caças alemães no combate aéreo. Neste papel fora também já grandemente substituído pelo Spitfire, e passou por isso a desempenhar fundamentalmente missões de apoio aéreo e ataque ao solo, em raids aéreos noturnos sobre os aeródromos alemães em França.
Finda a batalha de Inglaterra os Hurricane foram enviados para outros teatros de guerra menos exigentes tecnologicamente e com menos preponderância do combate aéreo. Um total de 2.952 Hurricane, maioritariamente Mk IIB, foram enviados para defesa da URSS durante a invasão alemã. Embora inferiores aos Bf 109E e a alguns aviões russos, desempenharam um papel importante na ampla frente Leste que se estendia de Leninegrado até aos campos petrolíferos do sul, passando por Moscovo.
Durante o cerco de Malta o Hurricane foi o principal meio de defesa aérea do arquipélago até final de 1941, suportando os ataques da Regia Aeronautica até a intervenção Alemã no inicio de 1942.
Hurricane Mk IIC com dois tanques de queda de 44 lts |
Com o inicio das hostilidades no Norte de Africa em 1940 um elevado numero de Hurricane, tropicalizados a pressa, foram enviados para o Egito para substituir os velhos Gloster Gladiator . Serviram em vários esquadrões da Comunidade Britânica na Força Aérea Deserto (Desert Air Force) onde sofreram pesadas perdas após a chegada do Bf 109E. Foram por isso progressivamente substituídos no papel superioridade aérea a partir de junho 1941 por Curtiss Tomahawks e Kittyhawks, passando a ser usados exclusivamente na função de ataque ao solo e apoio proximo, onde o pesado armamento dos Mk IIB e Mk IIC se mostrou de grande utilidade. Um dos exemplos da atuação dos Hurricane foi, durante e após os cinco dias de barragem de artilharia que marcaram o início da segunda batalha de El Alamein que começou na noite de 23 de Outubro de 1942, durante os quais seis esquadrões de Hurricane, que incluíam aviões da versão Mk.IID (armados com dois canhões de 40 mm) alegaram ter destruído 39 tanques, 212 camiões e blindados de transporte de tropas, 26 camiões tanque , 42 armas, e 200 outros em 842 missões com a perda de apenas 11 pilotos.
Hurricane Mk II filtro de ar Vokes, para operar no Pacífico |
Atualmente existem um numero significativo de Hawker Hurricane expostos em museus da Europa, EUA e países da Commonwealth, treze dos quais em condição de voo e que participam regularmente em exibições aéreas (Lista de sobreviventes).
#Revisto em 13-02-2016#
#Revisto em 13-02-2016#
EM PORTUGAL
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Entre Abril e Setembro de 1947 foram recebidos mais 44 Hawker Hurricane Mk IIc e 1 Mk IIb, que foram distribuidos pelas esquadrilhas existentes, fazendo de Portugal um dos dois países que receberam este avião no pós-guerra, juntamente com o Irão.
Os primeiros 6 Hawker Hurricane portugueses, do modelo Mk IIc, eram provenientes das bases britânicas na Líbia e que voaram para Portugal fazendo escala em Gibraltar. Aterraram na Base Aérea N° 2 (BA2), Ota, no dia 7 de Agosto de 1943 numa operação de transporte a que a RAF atribuiu o nome de código “Mildew”.
A missão imediata destes aviões foi a adaptação dos pilotos portugueses a este avião de caça, ministrada pelos pilotos britãnicos que os transportaram desde a Líbia, sendo com estes seis aviões formada a primeira esquadrilha portuguesa de Hurricane designada por VX.
Entre 26 de Agosto de 1943 e Março de 1944 chegaram a Portugal, por via marítima, os restantes 97 Hawker Hurricane, essencialmente dos modelos Mk IIb e Mk IIc, que foram distribuídos por cinco esquadrilhas incluindo a VX, cada uma composta por aviões da mesma versão.
As esquadrilhas de Hurricane formadas foram as seguintes:
Esquadrilha VX, da BA2, com 21 Hurricane Mk IIc,
Esquadrilha GL, colocada na BA2, com 18 Hurricane Mk IIc;
Esquadrilha SU, colocada na BA2, com 21 Hurricane Mk IIc;
Esquadrilha TY, colocada na BA2, com 15 Hurricane Mk IIb; e
Esquadrilha RV, colocada na BA1, equipada com aviões Mk IIb e os Mk Xb, Mk XIb e Mk XIIb de origem canadiana, convertidos em Mk IIb, num total de 22 aviões.
Hurricane Mk IIC da esquadrilha MP, na Ota |
Entre 1949 e 1952 foram abatidos muitos Hurricane, por estarem a atingir o limite de operacionalidade, e em julho de 1951, cinco Hurricane da Esquadrilha VX deslocam-se à Grã-Bretanha em visita ao Fighter Command da RAF e para participar num filme sobre a Batalha de Inglaterra.
Entretanto são extintas as Esquadrilhas RV e VX, sendo os seus aviões distribuídos pelas esquadrilhas estacionadas na BA1 e na BA3.
No início de 1952, as três esquadrilhas da BA3 dispunham de 53 Hawker Hurricane no seu efectivo, contudo, em Maio desse ano apenas voavam 12, e entre agosto e outubro não mais de 2.
Entretanto são extintas as Esquadrilhas RV e VX, sendo os seus aviões distribuídos pelas esquadrilhas estacionadas na BA1 e na BA3.
No início de 1952, as três esquadrilhas da BA3 dispunham de 53 Hawker Hurricane no seu efectivo, contudo, em Maio desse ano apenas voavam 12, e entre agosto e outubro não mais de 2.
Entre Maio e Outubro foram transferidos alguns para a Esquadrilha MP, na BA1. Admite-se que a actividade dos Hurricane na BA3 tenha terminado em Outubro de 1952.
Com tão elevada quantidade de Hawker Hurricane, aos quais se juntavam uma centena de Supermarine Spitfire, Portugal dispôs na segunda metade da década de quarenta de um impressionante poderio aéreo, com aviões actualizados, facto que não se tornou a repetir, pelo menos com igual dimensão, mas infelizmente, os acidentes com os Hurricane ocorriam com alguma frequência, destruindo muitos aviões e vitimando um número significativo de pilotos.
Quanto à pintura, mantiveram sempre a camuflagem dos caças diurnos da RAF, com as superfícies superiores em verde e cinzento escuros e as inferiores em azul-céu. Ostentavam a Cruz de Cristo sobre círculo branco em ambas as faces das asas.
Nos lados da fuselagem tinham a Cruz de Cristo, sem círculo branco, ladeada pelas letras da esquadrilha pintadas a branco e ainda o número de matrícula, perto do estabilizador horizontal, também a branco.
Nos lados do estabilizador vertical encontrava-se um rectângulo com as cores nacionais, sem escudo. Os bordos de ataque das asas, entre os faróis de aterragem e os extremos das asas, estavam pintados a amarelo, numa estreita faixa. Alguns apresentavam também parte dessa faixa a vermelho.
Parece que o esquema era aplicado aos aviões do modelo Mk IIb, pintando de vermelho a parte do bordo de ataque onde estavam instaladas as metralhadoras.
A pintura era completada com as cores das esquadrilhas, visíveis no cubo do hélice e numa faixa em torno da fuselagem, perto da cauda. A Esquadrilha GL usava o azul, a RV o amarelo, a SU o branco, a TY o vermelho e a VX o verde. A MP, que também usava a cor verde, apresentava uma espiral branca no cubo do hélice.
Esquadrilha MP da AM Portuguesa |
Algumas destas esquadrilhas pintavam os seus distintivos no painel esquerdo do motor. O distintivo da MP era composto por um saloio com um varapau, com a legenda “Antes quebrar que torcer”; a RV por um galo a cantar, com a legenda “Agora canto eu”; a VX por um aviador com asas de libélula, empunhando um canhão de avião, com a legenda “Ou vai ou racha”. Não há notícias dos distintivos das outras esquadrilhas.
Em maio de 1952 é criada a Força Aérea Portuguesa (FAP) e extinta a AM, bem como a Aviação Naval (AN). Quando a FAP recebeu os Hawker Hurricane já poucos restavam, e esses poucos foram reunidos na BA1 para serem utilizados na instrução operacional. Em Fevereiro de 1954 ainda se encontravam operacionais 23 Hurricane.
Em 4 de Agosto de 1954 o Ministro da Defesa determina que sejam interrompidos todos os trabalhos de recuperação dos Hurricane e Spitfire. No fim desse mês, o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA) ordena o abate de todos os Hurricane.
O último voo de Hurricane foi realizado pelo 615 em 5 de Junho de 1954, na Base Aérea N° 1.
Tal como aconteceu com muitos outros aviões que ficaram na História da Aviação Militar Portuguesa e Mundial, os Hawker Hurricane foram abatidos sem que algum fosse atribuído ao Museu do Ar.
DESENHOS
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PERFIL
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FONTES
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