Henschel Hs 123

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O Henschel Hs 123 foi o bombardeiro de mergulho da Luftwaffe, que interinamente substituiu o Heinkel He 50 na segunda metade da década de 1930, até o Junkers Ju 87 Stuka, ficar disponivel. 
A sua produção decorreu de 1936 a 1938, e em setembro de 1939, à data invasão da Polónia pelas tropas Nazis, o Gruppe II (Schlacht)/LG 2 da Luftwaffe, estava ainda equipado com o Henschel Hs 123. Apesar do aspecto obsoleto da aeronave, a unidade alcançou resultados notáveis, inicialmente na Polónia e seguidamente durante a batalha de França em maio de 1940. Em maio de 1941, durante a operação Barbarossa o II (Schlacht)/LG 2 continuava a operar aeronaves Hs 123, mantendo-as em operação até 1944.
Utilizado principalmente no apoio aéreo próximo às tropas em terra, o Hs 123, superficialmente anacrónico e obsoleto, demonstrou excelentes características de pilotagem, de sobrevivência, durabilidade e de eficácia em combate, o que justifica a sua carreira surpreendentemente longa como um avião de ataque ao solo.
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GALERIA
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Hs 123V-1
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Hs 123V-4
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Hs 123A-1, Aviación Nacional Espanola
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Hs 123A-1, II (Schl)/LG 2
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Hs 123A-1
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Hs 123A-1
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HISTÓRIA
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  • A origem 
Curtiss Hawk II (versão de exportação do F11C-2 Goshawk)
Ernst Udet, aclamado piloto alemão sobrevivente da Primeira Guerra Mundial, piloto de acrobacia nos tempos livres e membro do partido Nazi, tornara-se na Alemanha, acérrimo defensor das táticas de bombardeio de mergulho depois de em visita aos Estado Unidos ter visto uma demonstração desta técnica de combate por um Curtiss F11C-2 Goshawk (Curtiss Hawk II). O Curtiss Hawk II impressionara tanto Udet que ele persuadira o RLM a adquirir dois exemplares que chegaram em dezembro de 1933 na Alemanha para serem testados exaustivamente no Centro Experimental Rechlin

Em 1934, o Ministério do Ar do Reich (RLM-Reichsluftfahrtministerium) dá inicio a dois programas paralelos para a construção de novos bombardeiros de mergulho para a Luftwaffe (fundada em 1933, embora a sua efetiva formação ocorra apenas em 1935), destinados a substituir o obsoleto Heinkel He 50. O primeiro, chamado Sofort ou imediato destinava-se a desenvolver uma aeronave interina que pudesse rapidamente entrar nem produção, e o segundo, Sturzbomber, destinava-se a obter uma aeronave mais definitiva e mais avançada tecnologicamente. Do primeiro programa resultaria o Henschel Hs 123 enquanto que o segundo produziria o Junkers Ju 87 Stuka cujo primeiro protótipo estava já de facto em construção .

Fieseler Fi 98
Para responder ao primeiro programa, antecipando a introdução do Stuka, o RLM contrata de forma competitiva, à Henschel e Fiezeleler a construção de protótipos para o bombardeiro de mergulho interino, indicando especificações técnicas largamente influenciadas pelo próprio Udet, que mais tarde assumiria uma posição importante na hierarquia do RLM. No seu entendimento, um bombardeiro de mergulho seria um monolugar leve, capaz de atuar, se necessário como um caça, sendo o Curtiss Hawk II o melhor exemplo contemporâneo desse conceito.

A Gerhard Fieseler Werke (GFW), fora fundada como Fieseler Flugzeugbau, em 1930 por Gerhard Fieseler, e especializara-se na construção de aeronaves desportivas (a tornar-se-ia posteriormente conhecida como a criadora da V-1, uma das Wunderwaffe (arma-maravilha) da alemanha nazi).

Hs 123V-1, ainda sem identificação. com a
 carenagem inicial do motor lisa
A Henschel Flugzeug-Werke AG (HFW), fora recentemente constituída pela Henschel & Son, um conglomerado de empresas de base metalomecânica, e um dos maiores construtores de locomotivas da Europa, para introduzir o grupo no negócio da aeronáutica tendo até esse momento desenvolvido o protótipo de caça Hs-121A e o bem-sucedido avião leve de instrução Hs-122.

Os protótipos concorrentes foram apresentados quase simultaneamente no começo de 1935 o Fieseler Fi 98, um biplano clássico com as asas ligadas por um par de escoras, e o Henschel Hs-123, também biplano com asas conectadas por uma única escora de forma aerodinâmica e motor BMW 132A-3 de 650cv (Pratt & Whitney Hornet, construído sob licença). 

Os testes iniciaram-se em maio de 1935 em Johannestal, mas o desempenho geral do protótipo Hs 123V1 eliminou prematuramente qualquer possibilidade do Fi 98, que foi cancelado. 

Hs 123V-1, #D-ILUA, aqui ja com a carenagem
 típica do motor usada nas aeronaves de produção,
e hélice de três pás
Durante o verão, mais dois protótipos foram concluídos, o Hs-123V2 e V3, que se distinguiam por possuírem uma carenagem do motor de menor diâmetro com 18 pequenas carenagens salientes que cobriam as cabeças do motor.

Todos os três protótipos foram enviados para o Centro de pesquisa de voo de Rechlin onde durante os testes no primeiro mês os dois primeiros se despenharam devido a falhas estruturais. Os pontos de fixação das longarinas não suportaram a sobrecarga da estrutura durante o voo picado num ângulo de 80º. Consequentemente a partir do quarto protótipo a estrutura foi reforçada com a instalação secções estruturais adicionais, entre outras modificações. O Hs 123V4 tornou-se a base do lote de aeronaves de pré-produção Hs-123A-0, que começaram a sair da linha de montagem em julho de 1936, equipado com motor BMW 132Dc de 880cv.

  • Descrição do Hs 123
Hs 123A-1, (+V11), 1937
O Henschel Hs 123 era um biplano de aspeto limpo e resistente, com asas de configuração sesquiplano (a asa inferior é significativamente menor que a superior), com escalonamento descendente, conectadas por dois grandes suportes inclinados para fora. A asa inferior era conectada à base da fuselagem, e a asa superior em posição parasol era suportada pelas duas astes e por suportes menores conectados à fuselagem à frente do cockpit, aberto logo atras da asa.

O trem de aterragem fixo nas asas inferiores, no momento em que surgiam os primeiros caças alemães monoplano e de trem de aterragem retrátil, contribuía para o aspeto obsoleto do Hs 123, no entanto a sua estrutura e revestimento totalmente metálicos em Duraluminium, (apenas algumas superfícies eram cobertas por tecido), dava-lhe a solidez necessária para sobreviver uma grande quantidade de danos em combate.

Hs 123A-1, a ser preparado pelo pessoal de terra da Luftwaffe
O Hs 123 era armado com duas metralhadoras de MG 17 de 7.9 mm incorporadas na fuselagem, à frente do cockpit, com disparo sincronizado através do arco da hélice Hamilton Standard de duas pás de passo variável. Como bombardeiro de mergulho a aeronave podia carregar uma bomba SC250 de 250kg no suporte sob a fuselagem posicionado entre as pernas do trem de aterragem ou quatro bombas de 50kg em suportes sob as asas inferiores.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Hs 123 nunca ou raramente operou como um bombardeiro de mergulho (nessa altura já tinha sido substituído nessa função pelo Junkers Ju 87). Os suportes nas asas eram usados, para bombas SC50 ou frequentemente para a instalação de dois casulos com canhões MG FF de 20 mm, ou casulos para dispersão de 92 bombas anti-pessoais de 2kg, SD 2 (Sprengbombe Dickwandig 2 kg). O suporte central sob a fuselagem era usado para transportar um tanque extra de combustível com 130 litros que podia ser descartado em caso de necessidade. 

Hs 123A-1, Escola de pilotagem de Prostejov, Checoslovaquia
As linhas limpas sem cabos e tensores, e o motor potente deram ao Hs 123 um desempenho em voo, que lhe permitia competir com as versões contemporâneas do moderno Messerschmitt Bf 109 em taxa de subida (principalmente pela relação peso potência), e manobrabilidade em combate aéreo horizontal (raio de viragem).

O Hs 123 fora planeado para substituir o Heinkel He 50 provisoriamente até que o Stuka ficar disponível nas quantidades adequadas, o que veio a acontecer a partir de finais de 1937. Consequentemente, a produção foi limitada e não foram praticamente introduzidas melhorias significativas ao longo do periodo de produção. Os Hs 123V-5 (protótipo para o proposto Hs 123B) e Hs 123V-6 (protótipo para o proposto Hs 123C com cockpit fechado por uma canópia deslizante), desenvolvidos pela Henschel em 1938 para adaptar a aeronave ao novo motor BMW 132K de 960cv não avançaram devido ao cancelamento do motor.

No curto período de produção, de 1936 a 1938 foram produzidas apenas 248 aeronaves incluindo os protótipos.

Hs 123A-1, perto da fronteira Checa durante a Crise
 dos Sudetas em 1936
O pequeno lote de pré-produção de 16 Hs 123A-0 equipados com motor BMW 132Dc de 880cv para avaliação operacional pelo Luftwaffe foi concluída em 1936. Seguiu-se-lhe um lote maior de aeronaves Hs 123A-1 que apresentava algumas melhorias relativamente à versão A-0. O avião de serviço incorporava uma concha na fuselagem qua acomodava um encosto de cabeça blindado para proteção do piloto, carenagens das rodas principais amovíveis e uma roda traseira fixa.

O Hs 123 entrou em serviço em 1936, mas o surgimento do Junker 87 fez com que o alto comando da Luftwaffe o começasse a substituir nas unidades de bombardeiros logo no ano seguinte. 

Cerca de 12 Henschell Hs 123A foram exportadas para a China, onde foram usados contra as tropas japonesas durante o ano de 1938, e 5 foram enviados para Espanha onde integraram o Staffel VJ/88 da Legião Condor, em Sevilha em dezembro de 1936.

  • Da Guerra Civil Espanhola à Frente Leste da Segunda Guerra 
Hs 123A-1, Legion Condor Matacan (Salamanca), 1937
Durante a Guerra Civil Espanhola o Hs 123A provou pela primeira vez possuir características adequadas a missões de aéreo apoio próximo incluindo uma extraordinária capacidade de sobrevivência ao fogo inimigo. O seu sucesso resultou de uma estranha combinação de características de voo, e acústica. A sua lentidão, manobrabilidade e estabilidade permitiam-lhe realizar voos rasantes entre os 8 e 10 metros de altitude, e o ruído produzida pelo seu motor e hélice, que a 1800 rpm se assemelhava ao disparo de uma metralhadora, provocavam frequentemente, pânico entre as forças terrestres inimigas. Um truque que, provavelmente, só resultava porque esses aviões eram uma raridade, pois nem as bombas nem as metralhadoras podiam ser usadas durante esses voos rasantes de ataque acústico-visual, as bombas provavelmente destruiriam a aeronave e a sincronização das metralhadoras não era segura a 1800 rpm.

Hs 123A-1, (L2+FN) do LG2 durante a campanha na Polónia
No final da guerra civil o governo franquista espanhol adquiriu os dois Hs 123A da Legião Condor sobreviventes (24-3 e 24-5) e adquiriram mais doze aeronaves à Luftwaffe, que chegaram no verão de 1938 (foram numeradas de 24-6 a 24-17). Todos estes aviões foram integrados num Grupo Misto, que integrava um Ju-86D e um HE-70F. Posteriormente as aeronaves passaram a integrar a unidade 61 baseada em Tablada, operado ocasionalmente na escola de observadores baseada em Málaga. O último destes Hs 123 foi abatido ao ativo do Ejército del Aire no ano de 1953.

Apesar dos resultados obtidos em Espanha, em 1939 na Luftwaffe apenas o Schlachtgeschwader II/LG2 estava equipado o Henschel 123. 

Quando deflagrou a Segunda Guerra Mundial, 39 Hs-123A-1 do II (Schl)/LG 2 integraram as unidades de combate que participaram na invasão da Polonia, participando posteriormente na invasão de França e na campanha dos Balcãs.

Hs 123A-1, Russia, 1942
Em todas essas campanhas, o Hs 123 provou ser eficaz como uma aeronave de apoio próximo, capaz de suportar um grande número de danos de combate e capaz de operar a partir de aeródromos improvisados e mal preparados e demonstrando uma grande confiabilidade mecânica.

Consequentemente no início da Operação Barbarossa (a invasão da União Soviética) o II (Schl)/LG 2, continuava a operar 22 Henschell Hs 123, em complemento aos 38 Messerschmitt Bf 109E. Por esta altura o Hs 123 tinhas sofrido diversas modificações de campo com o que se pretendia melhorar a sua eficácia. Essas alterações incluíram a remoção da carenagem dos trens de aterragem, o aumento da proteção do piloto e a introdução de armamento fixo adicional nomeadamente dois canhões MG FF de 20 milímetros nos suportes para bombas das asas.

Os Hs 123 do II (Schl)/LG 2 participaram no inicio dos combates em Leningrado e posteriormente em Briansk e Vyazma, apoiando o avanço das tropas alemãs a caminho de Moscovo.

Voltaram a participar em operações na Crimeia, Kharkov e Estalinegrado, integrados no esquadrão 7/SchlG1, parte do II (Schl)/LG 2, cuja designação fora alterada para Geschwader, Schl.G 1 (SG 1).

Hs 123A-1, Russia, 1942
Embora sofresse poucas perdas, o número de Hs 123 era cada vez menor, a sua substituição foi durante algum tempo possível por recurso as unidades em operação nas unidades de instrução operacional, mas mesmo assim as unidades disponíveis eram em número insuficiente. Em 1943 o general Oberst Wolfram Freiherr von Richthofen, pediu que fosse retomada a sua produção, mas as ferramentas e moldes necessários já tinham sido desmanteladas pela Henschel. 

Depois da Batalha de Kursk, em agosto de 1943 o SG-1 retornou à Crimeia, onde em meados de 1944 substituiu os últimos Hs 123 por Junkers Ju 87 Stuka.
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FICHA DA AERONAVE
GERAL:
  • ANO DO PRIMEIRO VOO: 1935
  • PAÍS DE ORIGEM:  Alemanha
  • PRODUÇÃO:  248 aeronaves
  • PAÍSES OPERADORES: Alemanha, Espanha, China
ESPECIFICAÇÕES
  • VARIANTE: Hs 123A-1
  • FUNÇÃO: Bombardeiro de mergulho
  • TRIPULAÇÃO:  1
  • MOTOR:  1 x motor radial BMW 132Dc de 880cv
  • PESO VAZIO: 1500 (kg)
  • PESO MÁXIMO NA DESCOLAGEM:  2250 (kg)
  • COMPRIMENTO: 8,33 (m)
  • ENVERGADURA: 10,50 (m)
  • ALTURA: 3,20 (m)
PERFORMANCE
  • VELOCIDADE MÁXIMA:  341 (km/h)
  • RAIO DE COMBATE: 860 (km)
  • TETO MÁXIMO:  9000  (m)
ARMAMENTO
  • FIXO: 
2 x metralhadoras MG 17 de  7.92 mm, com 400 tiros cada;
2 x canhões MG FF de 20 mm em suportes nas asas (modificação em campo); ou

  • CARGA BÉLICA:
1 x bomba SC250 de 450kg na fuselagem; ou
4 x bombas SC50 de 50kg nas asas; ou
Casulos com até 92 bombas antipessoal SD 2 de 2kg nas asas.

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DESENHOS
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PERFIL
REVISÕES E RECURSOS ADICIONAIS
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  • Publicação e Revisões
# Publicado em 2019-04-22 #
  • Recursos Adicionais
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