Aeronaves militares portuguesas (Anos 80)

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.Com a entrada na década de 1980, prossegue o processo de reorganização da  Força Aérea no que respeita à sua estrutura orgânica e infraestruturas, reflexo da mudança de paradigma ocorrida na década anterior. No âmbito do relacionamento externo vai beneficiar de assistência económica, técnica e cientifica, em resultado da adesão de Portugal ao sistema defensivo multinacional da Aliança Atlântica. Os Açores são integrados na área de comando da NATO, reforçando a importância das estruturas aí existentes e são modernizadas os sistemas de defesa aérea instalando-se uma rede moderna de radares e centros de comando e controlo. Durante esta década são recebidas cerca de uma centena de aeronaves destinadas à modernização do envelhecido efetivo, permitindo aumentar a operacionalidade dos meios em missões de instrução, combate, patrulhamento marítimo e busca e salvamento. No final da década todas as esquadras operacionais estavam, embora de forma limitada, aptas a operar no âmbito da NATO quer no teatro europeu quer no Atlântico.

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Período: (1981-1999)
Unidade: Força Aérea
Quantidade: 50






Desde 1980, ano em os North American F-86F Sabre foram retirados de serviço, que a Força Aérea Portuguesa (FAP), vivia na expectativa da chegada de novos aviões de caça que, segundo tudo levava a crer, seriam os Northrop F-5E Tiger II. Contudo, tal nunca se concretizou.
Em vez daqueles caças ligeiros, os Estados Unidos propuseram o fornecimento de LTV A-7 Corsair II, com fraca capacidade para missões de intercepção aérea, mas bem dotados para missões de interdição e ataque a alvos de superfície, incluindo navais.
Estes aviões eram A-7A Corsair II excedentes da US Navy cujas células seriam reconstruídas pelo fabricante, com motores mais potentes e equipados com aviónicos modernos, englobando alguns componentes do A-7B e outros do A-7E, uma versão específica para Portugal que recebeu a designação de A-7P.
As características deste avião tornavam-no especialmente adequado à dispersão territorial portuguesa e às atribuições de Portugal no ambito da NATO com responsabilidades na àrea atlantica. Com efeito, o A-7P podia descolar do Continente com 3.000 Kg de armamento, atacar um alvo na área dos Açores e voltar ao Continente.
O primeiro fornecimento foi de 20 unidades, todos A-7P Corsair II, nove dos quais chegaram a 24 de dezembro de 1981, em Fevereiro de 1982 mais três, e os restantes até setembro desse ano.A FAP atribuiu-lhes as matrículas de 5501 a 5520, colocando-os na Esquadra de Ataque 302 da Base Aérea N° 5 (BA5), em Monte Real, que tinha como missão primária a execução de missões de interdição aérea, luta aérea ofensiva e defensiva e apoio aéreo táctico a operações navais, em condições “todo-o-tempo” (dia, noite e quaisquer condições meteorológicas).A Esquadra de Ataque  302 considera-se a herdeira da Esquadra 51, dos F-86F Sabre, mantendo as tradições e o espírito combativo dos “Falcões”, assim como o distintivo e o lema “Guerra ou Paz tanto nos faz”.
Alguns pilotos dos A-7P portugueses fizeram os voos de adaptação ao avião nos Estados Unidos e dada a necessidade de adaptação de mais pilotos, a US Navy cedeu, por empréstimo, um avião bilugar de treino TA-7C, que foi utilizado entre 1982 e 1985, ano em que a FAP recebeu os seus TA-7P. 
Durante a sua permanência em Portugal manteve a pintura e a matrícula da US Navy (154404), mas ostentava a insígnia da Cruz de Cristo na fuselagem e as cores nacionais no estabilizador vertical.
Em 1983 foram encomendados à LTV mais 24 aviões A-7P e seis da variante de treino TA-7P, que chegaram a Porugal entre o dia 8 de Outubro de 1984 e 30 de Abril de 1986, tendo-lhes sido atribuidas as matriculas  5521 a 5544 aos A-7P e 5545 a 5550 aos TA-7P (em 1994 a numeração da frota A-7P foi alterada para 15501 a 15550).
Com estes novos aviões foi constituída na BA5 outra esquadra de A-7P, a Esquadra de Ataque 304, à qual foram atribuídas as mesmas missões da Esquadra 302.Os seis TA-7P foram distribuídos pelas duas esquadras, para formação e treino de pilotos. A Esquadra 304, criada em 4 de Outubro de 1984, considera-se herdeira das esquadras de F-84G Thunderjet, a Esquadra 93, os “Magníficos”, da BA9, de Luanda, que, por sua vez, já era uma “descendência” das Esquadras 20, os “Piratas”, e 21, os “Barretes”, tendo recuperado para si a designação de “Magníficos” e o lema “Na paz...pacíficos, na guerra...terríficos”. O algarismo “1” do distintivo desta esquadra recorda o facto de os “Magníficos” terem sido a primeira esquadra de jactos portugueses a entrar em combate. 
Alguns LTV A-7P foram perdidos em acidentes nas seguintes datas e locais:
  • 5501, em 1 de Julho de 1985 na Bélgica;
  • 5505, na mesma data, na Bélgica;
  • 5510, em 4 de Dezembro de 1989 em Vila Viçosa;
  • 5516, em 9 de Março de 1988 no mar, perto de Peniche;
  • 5518, em 7 de Fevereiro de 1985 no mar, em frente à Praia da Vieira;
  • 5520, em 13 de Setembro de 1989 perto da BA5;
  • 5523, em 29 de Abril de 1992 na BA6;
  • 5525, em 22 de Setembro de 1992 na Alemanha;
  • 5530, em 29 de Novembro de 1987 em Mira d’Aire;
  • 5533, em 25 de Julho de 1985 em Beja;
  • 5535, em 26 de Maio de 1986 na Maceira;
  • 5541, em 29 de Março de 1987 em Boticas;
  • 5542, em 15 de Março de 1994 na BA5;
  • 5543, em 26 de maio de 1986 na Maceira;
  • 5548, em 13 de Maio de 1994 em Espanha.
Para além destes, o 5540 nunca chegou a Portugal, por ter ficado destruído num acidente ocorrido quando ainda se encontrava nos Estados Unidos, acabando por ser reposto em sobressalentes.
Todos os A-7P e os TA-7P foram, inicialmente, pintados em camuflado segundo o padrão da FAP, com as superfícies superiores em castanho (FS 30.129) e dois tons de verde (FS 34.079 e FS 34.102), com as superfícies inferiores em cinzento claro (FS 36.622). Passado pouco tempo foi retirado o cinzento, passando a apresentar-se inteiramente camuflados no castanho e verdes referidos. O trem de aterragem, o respectivo compartimento e o encaixe dos flaps foram pintados a branco (FS 37.875). A cobertura da antena do radar estava pintada a preto (FS 37.038).A Cruz de Cristo, sobre círculo branco com 37 cm de diâmetro, estava colocada nos lados da fuselagem. A bandeira nacional, sem escudo, com 50 cm de comprimento, estava colocada em ambos os lados do estabilizador vertical. Os números da matrícula encontravam-se sobre a bandeira nacional, em algarismos pretos com 15 cm de altura.
A Esquadra 304 foi extinta no dia 10 de Julho de 1999. Depois de 18 anos e 64000 horas ao serviço da FAP, e os últimos seis A-7P Corsair II operacionais (15509, 15521, 15524, 15531, 15546 e 15549) foram retirados de serviço.O último voo foi realizado pelo 15521, com pintura alusiva ao facto, que foi entregue ao Museu do Ar, bem como mais alguns exemplares.

Texto adaptado de "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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Aeronave: Fournier RF-10
Período: (1985-1994)
Unidade: Força Aérea
Quantidade: 4


A Força Aérea Portuguesa (FAP) adquiriu em França quatro moto-planadores Fournier RF-10, que chegaram a Portugal entre Dezembro de 1984 e Março de 1985, sendo matriculados com os números 1201 a 1204 (alteradas em 1993 para 11201 a 11204) e entregues à Esquadrilha de Voo, actual Esquadra 802, do Centro de Actividades Aéreas (CAA) da Academia da Força Aérea (AFA), na Granja do Marquês, Sintra, destinados ao treino dos cadetes do curso de pilotagem.
Os RF-10 estavam pintados de branco (FS 17.925), com as pontas das asas e a superfície superior do estabilizador horizontal em vermelho fluorescente (MIL-P-21.563) e com um estreito filete azul (FS 86.076) ao longo da fuselagem. A Cruz de Cristo, sobre círculo branco inserido em coroa circular azul (FS 86.076), foi colocada no intradorso da asa direita, no extra-dorso da asa esquerda e em ambos os lados da fuselagem, aqui sobrepondo-se ao filete ao longo da fuselagem. O rectângulo com as cores nacionais encontrava-se em ambos os lados do estabilizador vertical. Os números de matrícula, em preto (FS 17.038), estavam colocados em ambos os lados das asas, alternando com a insígnia, e também no estabilizador vertical, por cima do rectângulo da bandeira nacional. O distintivo da AFA foi colocado no estabilizador vertical, abaixo da bandeira nacional.
O 1204 ficou destruído num acidente ocorrido no dia 29 de Março de 1985, durante uma aterragem na Base Aérea Nº 3 (BA3), Tancos, do qual resultou a morte dos dois tripulantes.
O encerramento da fábrica em 1985 veio dificultar a aquisição de sobressalentes, o que muito afectou a prontidão da frota e consequentemente foram retirados do serviço em 1994.

Texto adaptado de "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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Aeronave: Lockheed C-130 H/H-30 Hercules
Período: 1977 -
Unidade: Força Aérea
Quantidade: 6




O estudo do reapetrechamento que a Força Aérea Portuguesa (FAP) iniciou em 1976, tornou evidente a inexistência de um avião de transporte de capacidade média, levando a que a 29 de Setembro de 1976 fossem encomendados à Lockheed cinco aviões Lockheed C-130H Hercules, e mais tarde uma sexta aeronave.

Os dois primeiros chegaram a Portugal no dia 15 de Setembro de 1977, seguidos de mais três no dia 19 de Junho de 1978, e do sexto no final de 1991 (versão C-130H-30), tendo recebido as matriculas 6801 a 6806 (alteradas a partir de 1993 para 16801 a 16806), dos quais os três primeiros foram convertidos na versão alongada C-130H-30 (mais 4,572metros) nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), em Alverca (o 6806 foi já adquirido com esta configuração).
As aeronaves foram colocadas na Esquadra 501 do Grupo Operacional 61 da Base Aérea N° 6 (BA6), no Montijo, a partir de setembro de 1977, que se destinava a executar operações de transporte aéreo tático e de busca e salvamento, tendo adotado o nome de “Bisontes”. 
A partir daí os Lockheed C-130H têm desenvolvido uma atividade permanente, essencialmente em missões de transporte, não só militar, mas também civil de âmbito governamental e em missões da Organização das Nações Unidas (ONU). Estiveram envolvidos no apoio às tropas portuguesas na ex-Jugoslávia, na evacuação de cidadãos portugueses na ex-República do Zaire, no apoio humanitário à população do Ruanda, na evacuação de refugiados da Guerra do Golfo (Operação “Desert Storm”) , no apoio ao Contingente Nacional empenhado na reconstrução de Timor Leste, no destacamento da FAP em Avianno, Itália, durante a Operação “Allied Force” e a participação na Operação “Fingal” de auxílio durante a crise no Afeganistão, no âmbito das operações da International Security Assistance Force (ISAF), patrocinada inicialmente pelas Nações Unidas (ONU) e, numa fase posterior, também pela NATO, entre muitas outras missões espalhadas pelo mundo.
Entre as missões de rotina desenvolvem missões de transporte aéreo geral, de transporte aéreo táctico, largada de pára-quedistas, largada de carga a baixa altitude, por meio de pára-quedas, com o avião a voar a menos de dois metros do solo, e executam igualmente missões de patrulhamento marítimo, busca e salvamento, combate a incêndios florestais e apoio logístico às Forças Armadas Portuguesas e Forças da NATO.
A participação dos aviões e tripulações da Esquadra 501 na competição internacional de transporte aéreo tácito organizada anualmente pela USAF, tem sido brilhante. Com efeito, no Volant Rodeo de 1986 conquistou os troféus de melhor equipa estrangeira, melhor aterragem de precisão e melhores lançamentos, vencendo 7 dos 8 troféus em disputa. Em 1992 e 1993, com a competição na nova designação, Airlift Rodeo, conquistou o troféu de melhor equipa estrangeira.
O desempenho do C-130H no ataque a incêndios florestais teve início em 1982, após a aquisição de dois kits de lançamento de produto retardante – MAFFS (Modular Airborne Fire Fighting System), e a partir de 1983 a Esquadra 501 passou a estar integrada no Sistema Nacional para Ataque a Incêndios, realizando um grande número de missões de combate a incêndios. Embora o nível de eficiência nestas operações tenha sido elevado, o seu número foi diminuindo a partir do fim da década, até cessar por completo, já em meados dos anos 90. 
Sobre este assunto em agosto de 2013 escreveu o Tenente-Coronel Piloto-Aviador na Reforma, João José Brandão Ferreira "a FAP foi forçada pelos governos corruptos a desistir de apoiar as populações...em detrimento de privados e outros interesses obscuros..." (Blog "O Adamastor")
Os Lockheed C-130 Hércules mantiveram a pintura com que chegaram a Portugal, usada pela USAF no Sudoeste Asiático, sobre a qual foram aplicadas as insígnias, marcas e numeração da FAP. A Cruz de Cristo, sobre círculo branco com 37 cm de diâmetro, está colocada nos lados da fuselagem, a bandeira nacional, sem escudo, com 50 cm de comprimento, encontra-se em ambos os lados do estabilizador vertical e os números de matrícula encontram-se sobre a bandeira nacional em algarismos pretos com 15 cm de altura. As marcas de visualização dos hélices estão pintadas em ambos os lados das pás, numa faixa amarela com 10 cm de largura.
A partir de 2011, a frota de C-130H / C-130H-30 da FAP recebeu uma nova pintura, mais consentânea com as exigências das missões internacionais em que Portugal se integra, cinza integral de baixa-visibilidade, obedecendo a normas NATO.
Em Dezembro de 2011, a frota de Lockheed C-130H Hércules completou 70.000 horas de voo. Uma média de mais de 11.600 horas de voo por cada aeronave, valores consideráveis para os quase 37 anos de serviço.
Em julho de 2016 um dos Lockheed C-130H, sofreu um grave acidente durante a decolagem da Base Aérea nº 6 (BA6), no Montijo, seguido de um incêndio que provocou a morte de três tripulantes e graves danos na aeronave registada como perda total.
Em junho de 2017 o Governo Português aprovou o inicio de conversações com a Embraer, Defesa e Segurança para a compra de cinco aviões Embraer KC-390, com mais uma unidade de opção, que se destinam à substituição da envelhecida frota dos Lockheed C-130H.

Parte deste texto foi adaptado de "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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Aeronave: Marcel-Dassault Falcon 20
Período: 1984 - 2004
Unidade: Força Aérea
Quantidade:3







A Força Aérea Portuguesa (FAP) recebeu três aviões Dassault-Breguet Falcon 20 em Setembro de 1984, a que foram atribuídas as matriculas 8101 a 8103 (alteradas em 1993 para 17101 a 17103), que foram colocados na Esquadra 504 designada por “Linces”, destinados ao transporte de individualidades. Embora a Esquadra 504 pertença à Base Aérea Nº 6 (BA6), Montijo, encontra-se destacada no Aeródromo de Trânsito Nº 1 (AT1), no Aeroporto de Figo Maduro, Lisboa, a fim de facilitar a deslocação dos utentes habituais.
Mantiveram-se muito ativos, especialmente em missões de transporte de membros do Governo para os mais diversos pontos da Europa, até que, com a aquisição dos Dassault-Breguet Falcon 50 em 1989, perderam parte do interesse operacional.
Não se justificando a existência dos três Falcon 20, a FAP vendeu dois ao Canadá, ficando com um único exemplar.
Um protocolo estabelecido entre o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e a FAP, realizado em Fevereiro de 1983, formalizou o recurso aos meios técnicos e humanos especializados da FAP para a execução de missões de verificação e calibração de ajudas à navegação (VCAN), tarefa que foi atribuída à Esquadra 504. Para tal, o Falcon 20 numero 8103 deslocou-se aos Estados Unidos, para lhe ser instalado equipamento necessário e a tripulação recebeu formação da Força Aérea Espanhola que possuía uma aeronave idêntica para as mesmas funções. 
Em 20 anos, os Dassault-Breguet Falcon 20 da FAP realizaram um total de 16.990 horas de voo tendo o ultimo (17103), feito o derradeiro voo operacional em 19 de Setembro de 2004, ano em que foi abatido ao serviço.

Texto adaptado de "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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Aeronave: Lockheed P3 P Orion
Período: 1987 -
Unidade: Força Aérea
Quantidade:







Percurso em Portugal
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Aeronave: Schleicher ASK-21
Período: 1988 -
Unidade: Força Aérea
Quantidade: ??


Percurso em Portugal
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