Avro 504

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O Avro 504 foi um dos mais bem sucedidos biplanos cuja origem remonta ao inicio da Primeira Guerra Mundial. A sua produção, que durante a Guerra totalizou 8970 unidades, continuou por quase 20 anos, tornando-o a aeronave da Primeira Guerra Mundial mais-produzida, ultrapassando as 10.000 unidades entre 1913 e o ano em que cessou a sua produção, 1932.
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Ano
1913
Pais de Origem
Reino Unido
Função
Instrução
Variante
504k
Tripulação
2
Motor
1 x motor radial rotativo Gnome Monosoupape 9 Type B-2 de 100cv
Peso (Kg)
Vazio
558
Máximo
830

Dimensões (m)
Comprimento
8,97
Envergadura
10.97
Altura
3,18

Performance (Km)
Velocidade Máxima
145
Teto Máximo
4876
Raio de ação
400
Armamento
Geralmente sem armamento.
Durante o período da Primeira Guerra Mundial, algumas aeronaves possuíam uma metralhadora  Lewis de 7,62 mm, e ocasionalmente transportavam 4 bombas de 9Kg.
Países operadores
 Argentina,  Austrália, Bélgica, Bolívia, Brasil, Canada, Chile, China, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Grécia, Guatemala, Irão, Irlanda, Japão, México, Mongólia, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Peru, Polónia, Portugal, Rússia (URSS), África do Sul, Espanha, Suécia, Suiça, Sião (Tailândia), Turquia, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai 
Fontes
Aviastar.org
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GALERIA
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Avro 504A
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Avro 504C
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Avro 504J
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Avro 504L
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Avro 504K, Shuttleworth Collection
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Avro 504N
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HISTÓRIA
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O Avro 504, um desenvolvimento do anterior Avro 500 fez o seu voo inaugural a 18 de Setembro de 1913, alimentado por um motor rotativo de sete cilindros Gnome Lambda, de 80cv. 

Avro 504A, em Humble , 1916
No periodo de antecedeu o inicio da Primeira Guerra Mundial o maior desejo de Alliot Verdon Roe era ver uma industria aeronáutica britânica capaz de desenhar, conceber e construir os seus próprios aviões. Roe seria o primeiro britânico a pilotar um avião concebido e construído totalmente na Grã-Bretanha, o Roe II Tri-plane, porém o seu feito seria ofuscado por Louis Blériot que dez dias antes tinha atravessado o Canal da Mancha com o seu Blériot XI.

Apesar do ver o seu feito ofuscado o voo de Blériot fez com que o investimento em Roe se tornasse mais atraente, se bem que ainda duvidoso.

As tentativas de Roe envolveram triplanos e biplanos e culminaram no Avro 500 (Tipo E) de dois lugares que chamou a atenção do Ministério da Guerra que encomendou doze aeronaves entre 1912 e 1913, para serem usadas em cursos de formação de pilotos. Esta encomenda permitiu a Roe financiar a sua companhia a AVRoe e Co Ltd. 

Avro 504A
O desenvolvimento do Avro 500 foi o Avro 504. Os trabalhos no seu protótipo iniciaram-se em abril de 1913 e ficaram concluidos apenas doze semanas depois, sendo o primeiro voo realizado no mês de junho em Brooklands, e em setembro participou na Second Aerial Derby, em Hendon, tendo ficado na quarta posição depois de atingir a velocidade de 106 km/h.

O Avro 504 era um biplano com ambos os planos de igual envergadura e uma fuselagem de seção retangular de viga de madeira armada coberta de tecido. O motor era um Gnome Lambda rotativo de 7 cilindros que desenvolvia 80cv.

A participação na prova de Hendon foi seguida por um número significativo de voos, chamando a atenção do Ministério da Guerra britânico que fez uma encomenda de doze aeronaves para o RFC - Royal Flying Corps e o Almirantado da Royal Navy encomendou uma. 

Montagem Foster da metralhadora Lewis
no Avro 504
Algumas destas aeronaves foram entregues antes da declaração de guerra inglesa ao Império Austro-húngaro a 4 de agosto de 1914 que ditou a entrada do Reino Unido na Primeira Guerra Mundial e o Royal Flying Corps não esperou muito para utilizar os Avro 504. A 22 de agosto seria abatida a primeira aeronave da Guerra, precisamente o Avro 504 pilotado pelo Tenente Vincent Waterfall, atingida por fogo inimigo durante um voo de reconhecimento sobre a Belgica.

Estes Avro 504 participariam em 21  novembro de 1914 num raide de bombardeamento contra a base de Zeppelins em  Friedrichshafen, na Alemanha, que seria conhecido como a sua maior façanha durante a Guerra.

No inicio de 1915 foi introduzido o Avro 504A, que seria produzido até 1916. O Avro 504B introduzido logo de seguida tinha um leme maior com o qual se pretendia melhorar o controlo da aeronave (foram construidos 240 Avro 504B). O Avro 504C seria uma versão monolugar armada para uso contra os Zeplins que faziam incursões sobre o Reino Unido. Em vez da cabina do piloto frente foi instalado tanque de combustível suplementar, permitindo aumentar a duração do voo até 8 horas, e foi armado com com uma metralhadora Lewis de 7,62 mm instalada por cima da asa superior (montagem Foster), para além de poder carregar 4 bombas de 9 kg. 

Avro 504J
Muito embora o Avro 504 fosse destinado primariamente a instrução, durante a Guerra alguns foram equipados com uma metralhadora Lewis de 7,62 mm instalada por cima da asa superior (montagem Foster).

A primeira versão produzida em massa foi o Avro 504J (com 1050 unidades construídas), que dispunha de um leme otimizado (resultado da experiências com as anteriores versões) e um motor rotativo Gnome Monosoupape de 100 cv. Esta versão foi também a primeira a dispor de Gosport, um tubo que prmitia que o instrutor comunicasse com o instruendo durante o voo (este sistema seria mantido em uso pela RAF até a era do famoso Tiger Moth.

A versão mais numerosa seria no entanto o Avro 504K, que introduziu uma nova forma de montagem do motor com normalização da fuselagem em torno de uma capota semi-aberta, permitindo dotar a aeronave de diferentes motores, em linha, radiais ou rotativos. Com esta melhoria a Avro pretendia produzir cerca de 100 aeronaves por semana.

Avro 504Q, exemplar único com cabina para 3,
construído para a Universidade de Oxford para
exploração do Ártico e destruída num acidente em
1924 em Longyearbyen, Svalbard, Noruega
Em 1918, eram os Avro 504 K que equipavam as seis esquadras de defesa aérea da zona Norte de Londres.

Quando a que primeira guerra mundial terminou, tinham sido construído na Grã-Bretanha mais Avro 504 do que qualquer outra aeronave. Oficialmente, tinham sido construídos 8.340 aeronaves a maior parte dos quais usados em unidades de instrução e que por isso nunca tinham entrado em combate. Consequentemente, um grande número de aeronaves sobreviveu à guerra e foram colocados para venda quando a RAF foi atropelada pelo fim da guerra em 1918. Durante os primeiros anos do pós guerra um Avro 504K sem motor poderia custar tão pouco como £868, enquanto um motor utilizável custaria cerca de £907. Portanto, um Avro 504K podia ser comprado no pós-guerra por menos de £1800 – uma soma considerável de dinheiro para muitos na Grã-Bretanha pós-guerra mas acessível para alguns.

Avro 504N com motor Armstrong Siddeley Lynx
Inúmeros países estrangeiros, não apenas da Europa, onde a aeronáutica militar começava a dar os primeiros passos, entre eles Austrália, Nova Zelândia, Estónia, Japão, Canada, e Portugal, aproveitaram para adquirir aeronaves para formação dos seus pilotos, vendidas pela empresa Aircraft Disposal Company com sede em Croydon criada para gerir o excedentes de aeronaves da Grande Guerra, enquanto noutros países como na URSS, foram produzidas cópias não licenciadas da aeronave. 

A RAF continuou a usar o Avro 504 como avião de instrução e entre 1927 e 1933 encomendou 512 unidades novas, mantendo-as em operação até ao início da Segunda Guerra Mundial. Os modelos desta versão apresentavam modificações da estrutura e do trem de aterragem (o característico sky do trem frontal foi eliminado) sendo equipados com um motor radial Armstrong Siddeley Lynx IV de 160cv. Estas unidades seriam designadas como os Avro 504N, tornando-se padrão para a conversão das restantes unidades da RAF (onde eram conhecidos por Avro Lynx), até que fossem substituídas pelos Avro Tutor.

No final, a notável série do Avro 504 tornar-se-ia um dos aviões mais cativantes de sua geração, formaria um número incontável de pilotos militares e civis por todo o mundo e tornar-se-ia uma desejada peça de coleção para ávidos colecionadores de aviões.

EM PORTUGAL

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Avro 504K da AM Portuguesa
Decorria o ano de 1923 quando a Aeronáutica Militar (AM) decidiu remodelar a frota de instrução de pilotagem. Depois de efectuarem a comparação entre o Caudron C.59 - do qual se adquiriu um exemplar - e o Avro 504, foi dada preferência a este último. Foram encomendados em 10 de Novembro de 1923 e recebidos em 20 de Maio de 1924, 30 aviões Avro 504K usados, revistos pela Aircraft Disposal Company, também conhecida pela sigla Airdisco.

A maior parte dos Avro 504K foram utilizados na instrução de pilotos, colocados na Escola Militar de Aviação (EMA), em Sintra, que a partir de 1928, onde se mantiveram até 1937. Três destes aviões foram concedidos, em 1925, à Aviação Naval que foram os primeiros aviões terrestres da Aviação Naval sendo operados a partir do Aeródromo de Alverca, para treino de acrobacia dos pilotos do Centro de Aviação Naval de Lisboa.

Avro 504K da AM Portuguesa
Em 1930, o Inspector da Arma de Aeronáutica, Tenente-Coronel Cyfka Duarte, reconhecendo a falta de um campo de aviação no Arquipélago dos Açores, fez-se transportar de navio até à Ilha Terceira, levando um Avro 504K. Aí foi improvisado um campo de aterragem na Achada, solenemente inaugurado como Campo de Aviação da Achada no dia 4 de Outubro de 1930, sendo na mesma altura o avião baptizado de «Açor». Foi-lhe pintado nos lados da fuselagem, o nome e um açor estilizado, a preto. O frágil Avro 504K «Açor», foi assim o precursor da Aviação Militar na Ilha Terceira.

Com a fuselagem e as asas pintadas de alumínio e toda a secção do motor a preto, os Avro 504K apresentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, nos extremos exteriores das asas superiores e inferiores e a bandeira nacional, com escudo, cobrindo todo o leme de direcção. Lateralmente, na fuselagem, uma faixa em diagonal reflectindo a cor da esquadrilha, com o número de matrícula sobreposto. A Escola Militar de Aeronáutica de Sintra adoptou a cor azul.


DESENHOS
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PERFIL
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FONTES
VER TAMBÉM
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