Junkers Ju 86

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O Junkers Ju 86 foi um avião bimotor, monoplano. alemão projetado e construído durante os anos de 1930 para uso civil e militar. Testado em uso militar como bombardeiro durante a Guerra Civil Espanhola demonstrou um desempenho sofrível e pouco eficaz. O modelo civil, Ju 86B podia transportar 10 passageiros, tendo sido usados pela SwissairLufthansa, entre outras, mas era considerado pouco atrativo nestas funções.  
Condenado ao esquecimento no início da Segunda Guerra Mundial, ganharia um novo folgo, com a adaptação ao reconhecimento aéreo de alta altitude, Ju 86P, missão que cumpriu, sobre os céus de Inglaterra e Rússia até meados de 1942, altura em que os caças aliados foram capazes de atingir as altitudes onde se deslocava. 
Teve ainda um uso limitado como avião de transporte no abastecimento das forças da Wehrmacht comandadas por Friedrich Paulus, sitiadas em Estalinegrado durante o final do ano de 1942, onde demonstrou ser também inadequado,  sofrendo pesadas baixas.
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Ano
1934
Pais de Origem
Alemanha
Função
Bombardeiro
Variante
P-1
Tripulação
2
Motor
2 x Junkers Jumo-207A-1
Peso (Kg)
Vazio
7000
Máximo
10410

Dimensões (m)
Comprimento
16,50
Envergadura
22,50
Altura
4,10

Performance (Km)
Velocidade Máxima
360
Teto Máximo
12000
Raio de ação
1030
Armamento
 1 x metralhadora MG-17
4 x bombas de 250kg ou
16 x bombas de 50kg 
Países operadores
Alemanha, Austria, Bolivia, Chile, Hungria, Japão, Romenia, Africa do Sul, Espanha, Portugal, Suécia , Suiça
Fontes
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GALERIA
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Junkers Ju 86 D-1
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Junkers Ju 86K-13
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Junkers Ju 86E
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Junkers Ju 86C-1
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Junkers Ju 86K-2
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Junkers Ju 86G-1
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HISTÓRIA

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Em 1934, foi emitida à Junkers e Heinkel uma especificação para a construção de cinco prototipos, de um avião bimotor moderno adaptável ao uso como um avião de passageiros de alta velocidade para a Lufthansa, e como um bombardeiro médio para a recente Luftwaffe.  

Junkers Ju 86D-1
A Heinkel apresentou o He 111, e a Junkers o Ju 86. 

O projeto do Junkers Ju 86 foi descrevia-se como um bimotor monoplano de construção totalmente metálica, no qual o tradicional revestimento corrugado típico dos modelos Ju 52 foi abandonado a favor de um revestimento liso de menor arrasto. 

A aeronave foi equipada com um trem de aterragem retrátil estreito sob a fuselagem e uma empenagem com estabilizadores verticais e lemes duplos. Os motores eram dois motores diesel Junkers Jumo 205, que apesar de pesados, tinham menor consumo que os motores a gasolina convencionais. 

Para a função de bombardeiro, a tripulação era composta por quatro elementos, um piloto, um navegador, um operador de rádio e bombardeiro, e um artilheiro, que operavam o armamento defensivo composto por três metralhadoras, uma no nariz, outra em posição dorsal e outra numa gondola ventral retrátil. As bombas eram transportadas verticalmente em quatro células da fuselagem atrás do cockpit.  
Junkers Ju 86E
A versão civil dispunha de uma capacidade para 10 passageiros, sendo os tanques de combustível colocados nas asas. 

O primeiro protótipo na configuração de bombardeiro, o Ju 86ab1, equipado com motores radiais Siemens SAM 22, por indisponibilidade dos 205S Jumo, voou em 4 de Novembro de 1934. 

O terceiro protótipo, de configuração civil voaria em em 4 de abril de 1935.  

A produção da pré-serie de bombardeiros Ju 86A-1 teve o seu inicio em abril de 1936, mas rapidamente foi alterada para a versão Ju 86D, com uma significativa alteração da empenagem para melhorar a estabilidade. 

O uso precoce do Ju 86A-1 com motores Jumo na Guerra Civil Espanhola mostrou que era inferior ao He 111, e que os motores diesel eram inadequados ao tratamento áspero durante o combate. Por isso a produção foi cortada e a aeronave adaptada aos motores radiais BMW 132,  já testados numa possível versão de exportação. A produção desta versão Ju 86E continuaria 1938.  

Junkers Ju 86D-1 das forças nacionalistas espanholas
Às variantes civis (Z) foram adaptados vários tipos de motores consoante as exigências dos clientes (com motor Jumo a Swissair, com motor BMW, para a Autralia, com  Pratt & Whitney Hornet para a Sueca AB Aerotransport, ou Rolls-Royce Kestrels para a Africa do Sul). 

O Ju 86K era um modelo bombardeiro de exportação, também construído sob licença na Suécia pela Saab como B-3 , e equipado com motores radiais Bristol Mercury XIX . Destas aeronaves, varias permaneceriam até 1958 ao serviço da Força Aérea da Suécia até 1958, alguns convertidos em plataformas de reconhecimento.  

O bombardeiro foi testado em campo na Guerra Civil Espanhola , onde demonstrou ser inferior ao Heinkel He 111 . Quatro Ju 86 D-1 que chegaram a Espanha no início de fevereiro de 1937, mas depois de algumas missões um deles foi abatido por combatentes republicanos, outra foi perdido num acidente. As restantes duas e outra enviada da Alemanha seriam vendidas aos nacionalistas de Franco. 
Seria ainda usado em 1939 na invasão da Polônia, mas foi retirado do serviço ativo da Luftwaffe algum tempo depois. 

Junkers Ju 86P
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a África do Sul militarizou e armou os seus Ju 86Z, para usar como bombardeiros e em patrulhas costeiras juntamente com o seu único Ju 86K, até 1942, altura em que os substituiu por modernos  Lockheed Ventura

O tipo renasceria em janeiro de 1940, quando a Luftwaffe testou o protótipo do Ju 86P com uma maior envergadura, cabina pressurizada e motor diesel Jumo 207A1 com turbocompressor, preparado para dois tripulantes. O Ju 86P poderia voar a uma altitude de 12.000 metros onde estaria a salvo do inimigo, o que adequava a aeronave a missões de reconhecimento aéreo em altitude nos céus britânicos e russos (o britânico Westland Welkin e o soviético Yakovlev Yak-9PD  foram desenvolvidos especificamente para combater esta ameaça). Satisfeito com os ensaios do novo protótipo a Luftwaffe ordenou que cerca de 40 bombardeiros de modelos antigos, fossem convertido para Ju 86 P-1 bombardeiros de grande altitude e Ju 86 P-2 de foto de reconhecimento. Estas aeronaves operaram com sucesso sobre a Grã-Bretanha,  União Soviética e Norte de África, até agosto de 1942, momento em que uma versão modificada do Spitfire V  abateu pela primeira vez um Ju 86P, a cerca de 14500 metros de altitude sobre o Egipto. Novas interceções bem sucedidas ocorreram a partir daí e como consequência os Ju 86P foram retirados de serviço em 1943.
Nariz do Junkers Ju 86P

A Junkers desenvolveu o Ju 86R para a Luftwaffe , usando as asas maiores e novos motores capazes de altitudes ainda maiores - até 16.000 metros mas a produção foi limitada a protótipos. 

Apenas um Junkers Ju 86 existe hoje, é uma aeronave construído na Alemanha e vendido à Suécia em 1938 onde prestou serviço até 1958, encontrando-se agora em exibição estática permanente no Museu da Força Aérea Sueca .


EM PORTUGAL


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Em 25 de Agosto de 1938 foram oficialmente entregues na Base Aérea da Ota, 10 Junkers Ju-86 K-7, registados pela AM com os numeros 251 a 260, constituindo o Grupo de Bombardeamento Diurno (foram os primeiros aviões de trem retráctil a operar em Portugal).
A pintura, ao contrário da tradicional camuflagem germânica era uma estranha camuflagem em castanho, verde escuro e amarelo torrado, com linhas de separação onduladas. As superfícies inferiores das asas e da fuselagem estavam pintadas em azul claro. Apresentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, em ambos os lados das asas; a bandeira nacional, com escudo, nas faces exteriores dos dois estabilizadores verticais e, nos lados da fuselagem, o número de matrícula pintado em algarismos pretos.
Junkers Ju 86K-6 da AM Portuguesa na BA da Ota
O Junkers Ju-86, embora inicialmente, apresentar perspectivas de ser um avião moderno, rápido e eficiente, acabaria por ser um avião sem grande imagem e um bombardeiro ineficaz. A sua actividade em Portugal não fugiu a regra, sendo praticamente desconhecida ao longo da sua curta vida operacional, que terminaria em 1951.
A actividade dos Ju-86 foi muito limitada devido à falta de pilotos, escassez de combustível e de peças sobressalentes, como causa das restrições impostas pela II Guerra Mundial, sendo os voos realizados de curta duração e estritamente necessários para a manutenção dos aviões. Em 15 Fevereiro de 1941, durante o ciclone que assolou a região de Lisboa, o Ju-86 nº 257 foi danificado pela queda do telhado dum hangar da Base de Sintra, assim como outros aviões. Em 1944 os nove Ju-86 restantes foram reunidos na esquadrilha nº2 do GBD, numa altura em que grande dos pilotos da esquadrilha foram desviados para o Bristol Bleinhem, recentemente chegados à base da OTA. Após o fim da Guerra Mundial foi iniciada a formação de novos pilotos de Ju-86, mas a maior parte destes pilotos passaram para os Junkers Ju-52/3M ou ingressaram na aviação civil. Em 11 Julho 1945, ocorreu um acidente em voo com o Ju-86 nº 256, que se despenhou e incendiou, tendo os seus tripulantes sobrevivido. A actividade destes aviões foi retomada em 1946 com voos de ensaio, que se manteve até final 1947. Em 1948 e 1949 só os aviões nº 254 e nº 260 voaram devido a falta de peças e em 1950 só o nº 260 estava em condições de voo, tendo no dia 18 de Janeiro de 1951 sido realizado o seu último voo. Foram oficialmente abatidos à carga em 30 de Setembro de 1951.

DESENHOS
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PERFIL
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FONTES