Rockwell OV-10 Bronco

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O Rockwell OV-10 Bronco foi uma aeronave de reconhecimento e ataque ligeiros desenvolvida nos EUA durante a década de 1960 ao abrigo do programa “Light Armed Reconnaissance Aircraft” (LARA), que pretendia obter uma aeronave para operações de contra-insurgência (COIN) e controlo aéreo táctico em operações de ataque de precisão (FAC). A necessidade de uma aeronave deste tipo fora identificada pelos militares Norte Americanos no inicio da Guerra do Vietname e foi aí que o Bronco demonstrou a sua utilidade ao serviço do exercito (US Army) e do corpo de fuzileiros (US Marine Corps). O uso da aeronave pelos militares Norte Americanos prolongou-se até á primeira Guerra do Golfo em 1991 e hoje embora tenha sido retirada do serviço das forças armadas continua em uso nos EUA nomeadamente no apoio ao combate a incêndios na California, permanecendo ainda em serviço militar em alguns países. A Boeing (atual detentora da licença de produção da aeronave) propôs recentemente (2009) uma versão moderna do Bronco, o OV-10X para concorrer ao programa “Light Attack/Armed Reconnaissance” (LAAR), porém a aeronave não consta da lista dos finalistas do programa.
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GALERIA

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AYOV-10 #152876, julho de 1965

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OV-10A #155458, VMO-6, Vietname

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OV-10B Bronco, Berlim, RFA

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YOV-10D NOGS, #155395, 1971

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OV-10E Bronco, FA Venezuelana

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OV-10G+ #155492, 2015












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HISTÓRIA

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  • A origem
Durante a Segunda Guerra Mundial o Exercito Norte Americano utilizava aeronaves ligeiras desenhadas para funções civis, para observação e orientação do fogo de artilharia, um uso que manteve durante a Guerra da Coreia. 

YOV-10 #152880 segundo prototipo de avaliação
No entanto em finais da década de 1950 os militares começaram à procura de uma aeronave especializada projetada especificamente para operações de Contra-Insurgência (COIN) que pudesse ser usada por todos os ramos das forças armadas e que pudesse tambem substituir os Cessna O-1 Bird Dog e Cessna O-2 Skymaster em missões de observação e direção de fogo.

O US Marine Corps (USMC) pretendia uma aeronave de baixo custo de aquisição e operação, ligeira, mas robusta para operar em pistas curtas e improvisadas, e capaz de transportar armamento de ataque ligueiro para operações de ataque e escolta de grupos de helicópteros. O US Army pretendia uma aeronave armada de idênticas características para observação.

Quando a Administração Kennedy tomou posse em 1961, o conceito de uma aeronave de observação armada, encaixou como uma luva no enfase dado pela nova administração aos conflitos de baixa intensidade (“brushfire wars”) como o que se estava a desenrolar no Vietname do Sul. Uma aeronave com as características conceptuais já definidas, parecia uma excelente base para operações de contrainsurgência (COIN), e para o combate à crescente infiltração de combatentes do Norte pelas florestas do Vietname, e por ser barata e simples de operar e manter podia ser operada não apenas pelas forças Norte Americanas, mas também pelos seus aliados do Sul.

YOV-10 #152884, sexto prototipo de  avaliação operacional
O Secretário da Defesa Robert McNamara, tornou-se grande defensor desta opção satisfeito também por ser comum a diferentes corpos das forças Norte Americanas, o US Marine Corps e o US Army, pois a aquisição de equipamentos comuns era entidada como uma boa forma para reduzir custos unitários e simplificar logística e a instrução. Assim, no início de 1963, McNamara criou um comité com representantes da Marinha e do Exército da para desenvolver uma especificação para a aeronave de observação armada.

O enfase de McNamara em procurar especificações comuns na aquisição de equipamentos militares conduziu a alguns grandes fiascos, mas teve também alguns sucessos. No final de 1963 o comité apresentou finalmente as especificações para a aquisição de uma "Aeronave Ligeira de Reconhecimento Armado (LARA)", com um elevado padrão de capacidade operacional e capacidade de utilização numa ampla game de operações. Deveria ser uma aeronave de dois tripulantes, com dois motores, mas capaz de voar em seguranças com apenas um, com capacidade de operar a partir de pistas improvisadas, decolar com carga total em 360 metros, possuir uma velocidade maxima de 565 Km/h, e sobrevoar áreas de combate durante uma hora em círculos com raio máximo de 80 km.

A aeronave deveria ser armada com 4 metralhadoras de 7.62 milimetros com 2000 munições e possuir postos de suspensão para 1100 quilos de armamento, que incluirias, bombas, bombas de fragmentação, casulos de foguetes ou canhões, e misseis ar-ar Sidewinder. A aeronave tambem deveria ser capaz de operar como transporte ligeiro, com uma capacidade definida para 900 quilos de carga, seis paraquedistas equipados ou duas macas e respectivo médico. Deveria também ser capaz de operar a partir de porta aviões e possibilitar a instalação de flutuadores. 

As especificações eram tais, que o desenvolvimento de uma aeronave que lhes desse em simultânea resposta poderia ter sido problemático, no entanto a aeronave que emergiria do programa LARA apesar de nunca ter sido solicitada para todos os papeis para que fora especificada era suficientemente flexível para dar a todos resposta.

Convair Model 48 Charger
Ao contrario do que seria de supor diante de tais exigências a indutria aeronáutica Norte Americana respondeu em força, tendo sido recebidas ao todo onze propostas, sete das quais (Beech, Douglas, General Dynamics, Helio, Lockheed, Martin, e North American Rockwell) foram aceites e avaliadas. Em agosto de 1964 o projeto NA-300 da North American Rockwell foi considerado vencedor e a empresa obteve um contrato para a construção de sete protótipos de avaliação operacional. Alguns do competidores apresentaram recurso pela escolha, embora sem sucesso, e a Convair avançou mesmo para a construção de um protótipo do seu "Model 48 Charger" que tinha grandes semelhanteas ao NA-300, não conseguindo no entanto qualquer sucesso comercial.

O primeiro NA-300, voou em 16 de julho de 1965, sob a designação militar YOV-10A e com marcas do de serviço tripartido do US Army US Air Force e US Navy. O primeiro voo foi realizado apenas nove meses depois do contrato assinado e os seis protótipos seguintes foram antregues até 7 de outubro de 1966. 

Após uma intensa avaliação que ditou uma série de mudanças, a aeronave foi, no início de 1968, aprovada para produção em serie como OV-10A Bronco. 

  • OV-10A Bronco
O OV-10A Bronco que emergiu do projeto apresentava-se com dois motores turboélices, asa reta em posição alta, configuração trifuselada(*) (twim boom), com lanças (fuselagens subsidiárias longitudinais) no prolongamento das nacelas dos motores ancoradas nas asas, que terminavam numa empenagem com dois estabilizadores verticais, unidos no topo por um único estabilizador horizontal de dimensões generosas.

A Baia de carga do Bronco é fechada por um cone de
fibra de vidro
(*) Uma aeronave, trifuselada (twin-boom) caracteriza-se por possuir um corpo principal (fuselagem) e duas estruturas subsidiárias longitudinais (booms) semelhantes a nacelas alongadas. ancoradas na asa principal, equidistantes da sua linha central, que tipicamente terminam em superfícies verticais de controlo gémeas (estabilizador vertical e leme), que fornecem pontos de montagem para o estabilizador horizontal e leme de profundidade (em algumas configurações pode haver mais do que uma superfície horizontal).

O corpo central da fuselagem dispunha, na metade dianteira, de um cockpit de dois lugares em tandem coberto por uma canópia com uma configuração de estufa abaulada, envolvente, e mais larga que a fuselagem, para proporcionar excelente visibilidade aos tripulantes. Ambos, possuíam assentos de ejeção zero-zero Rockwell LW-3B, com uma cunha montada em cima de cada assento para perfurar o topo da canópia. O observador poderia ejetar-se a si próprio ou ser ejetado pelo piloto, mas se ambos os sistemas de ejeção fossem acionados em simultâneo, havia um pequeno atraso entre a ejeção do piloto e a ejeção do observador e os assentos eram ejetados em diferentes lados da linha central, para evitar colisões.

OV-10A #14619 Bronco, do 19º TASS, no Vietname,1970
O compartimento de carga encontrava-se metade traseira que tambem suportava a asa em posição alta. A extremidade da retaguarda da fuselagem abria-se para a esquerda para permitir acesso á zona de carga que disponibilizava 3,12 metros cúbicos para um total de 1450 quilos de carga, apta inclusive para o transporte de cinco soldados de infantaria totalmente equipados ou duas macas para feridos e um médico assistente.

A asa tinha uma forma retangular simples, com quatro spoilers, um de cada lado das nacelas dos motores que trabalhavam em conjunto com os ailerons para melhorar o controlo do rolamento. 

As hélices de três pás de passo variável, giravam em direções opostas propulsionadas por um motor turboélice, Garrett-AirResearch T76-G-10 à direita e um T76-G-12 à esquerda cada um fornecendo uma potência de 715 SHP (as helices girando em sentidos opostos permitiam a quase anulação do efeito torque). O posicionamento dos motores e da fuselagem dava ás equipas de manutenção em terra, acesso à maior parte dos sistemas a partir do solo, e contribuía para melhorar a visão aérea da tripulação.

Sponson com duas metralhadoras de 7,62 mm M60
O armamento da aeronave consistia em quatro metralhadoras M60C de 7.62 milimetros (uma variante da M60 de infantaria modificada para ser montada em aeronaves) com 500 tiros por arma montados em dois sponsons angulados para baixo, na linha inferior da fuselagem por baixo da asa. Estas armas podiam ser facilmente removidas por uma escotilha na parte superior de cada sponson. Armamento adicional podia ser transportado nos sete pontos de suspensãodisponiveis, dois em cada sponson, um na parte externa de cada asa e um na centralina da fusegem, entre os dois sponson, preparado para transportar um tanque de combustível externo com capacidade de 568, 872 ou 1137 litros. Os suportes nas asas eram destinados a misseis ar-ar (AAM) AIM-9 Sidewinder, a usar presumivelmente, em missões anti-helicoptero. A montagem destas armas nos pondos de suspensão era simples já que tudo o que era preciso eram cabos para controlar o lançamento e ligar o sensor de busca do míssil aos auscultadores do piloto, para o informar quando o míssil fixava ao alvo e ficava pronto para ser disparado.

YOV-10 #152885
O trem de aterragem, triciclo, era retrátil, mas robusto, para permitir aterragens, com elevados ângulos de ataque, e usava pneus largos de baixa pressão para permitir a operação em pistas ásperas. O aparelho da frente, que podia ser direcionado 55 graus para cada lado, recolhia para o nariz num movimento para a frente enquanto que os dois aparelhos principais, que possuíam um conjunto de amortecedores de choque de dupla telescópica recolhiam para dentro das necelas dos motores. Embora fosse uma das exigências do programa não há evidencia que o OV-10 alguma vez tenha sido equipado com flutuadores. 

As aeronaves de produção OV-10A difeririam dos protótipos em vários aspectos perceptíveis. Tinham uma menor envergadura (1,5 metros a menos), os motores que utilizaram eram T76-G-6 e 8, com apenas 660 SHP (menos potentes que os do Bronco de serie), e nem todos possuíram os sponsons de armas, nos que tinham, eles estavam ao nível da linha de voo da aeronave, enquanto os das aeronaves de produção eram angulados ligeiramente para baixo.

O sétimo protótipo foi equipado com motores turboélices Pratt & Whitney Canada PT6A para avaliar o seu uso como alternativo aos Garrett.

  • OV-10A Bronco no Vietname
OV-10A Bronco, em Binh Thuy, Vietname. 1970
O US Marine Corps (USMC) adquiriu 114 aeronaves e a USAF 157, tendo as aeronaves começado a ser entregues no início de 1968.

No dia 6 de junho de 1968 o OV-10A Bronco realizou a primeira missão de combate no Vietname ao serviço do USMC sendo a partir daí regularmente utilizado como aeronave de observação armada e escolta de helicópteros.

A partir de julho de 1968 a USAF implementou um pequeno grupo de OV-10A Bronco em operações de combate limitadas, no que ficaria conhecido por “Operation Combat Bronco”, para avaliar uma futura implementação em larga escala no teatro de operações, pois estava relutante sobre a utilidade de uma aeronave com as suas características, que não fosse a simples observação aérea do terreno. O armamento com que essas primeiras aeronaves eram equipadas não ia para além das metralhadoras e de casulos de 7 foguetes de sinalização de fósforo branco de 70 milimetros usados para marcação de alvos, e mesmo assim, depois da uma aeronave ter sido perdida foi ordenada a retirada das metralhadoras, para evitar que os pilotos fossem tentados a façanhas de "heroísmos desnecessários". As armas eram eventualmente reinstaladas, mas quando outra aeronave era perdida voltava a fazer-se a mesma coisa, num ciclo várias vezes repetido. 

YOV-10D NOGS, #155396 em Binh Thuy, Vietname, 1971
No final de outubro a avaliação foi dada como concluída e o AV-10 foi considerado apto para operações FAC (Forward Air Controller) que incluiam a orientação de ataques diurnos e noturnos, orientação de artilharia, avaliação de danos de de ataques, reconhecimento visual, e escolta de helicopteros e aeronaves nomeadamente as envolvidas na Operação Ranch Hand (lançamento de herbicidas desfolhantes sobre zonas florestais e agrícolas do Vietname). 

Os Bronco foram implementados pela USAF em bases no Vietname, Bien Hoa (19º TASS) e Da Nang (20º TASS), e na Tailândia, Nakhom Phanom (23º TASS), a partir de onde participaria em diversas missões especiais nomeadamente as operações Igloo White (lançamento de sensores sísmicos ao longo do para monitorizar as crescentes incursões do exercito do Vietname do Norte por essa via), Prairie Fire (patrulhas de observação do caminho de Ho Chi Minh) e Daniel Boone (fonteira com o Cambodja).

OV-10A Bronco do VAL-4 Black Ponies, Vietname, 1969
Em 1971, quatorze OV-10A do 23º TASS foram modificados ao abrigo do projeto Pave Nail. Realizadas pela LTV Electrosystems as modificações incluíram a adição de um casulo Pave Spot com um iluminador e designador de alvos laser, bem como um periscópio noturno especializado e equipamentos de radionavegação LORAN (LOng RAnge Navigation). Essas aeronaves apoiaram a interdição de tropas e cadeias logisticas ao longo do caminho de Ho Chi Minh , iluminando alvos para bombas guiadas a laser lançadas pelos McDonnell F-4 Phantom II , mas após 1974 (depois da guerra), foram reconvertidas para um padrão original OV-10A.

Os OV-10 Bronco do USMC, embora tivessem também, operações FAC como principal missão, eram armados com um variado número de armas adicionais que incluíam os casulos de foguetes de sinalização de 70 milimetros, casulos de 4 foguetes ofensivos foguete Zuni de 127 milimetros, casulos de metralhadora Gatling M134 Minigun de 7,62 milímetros e mesmo um casulo com um canhão de 20 milimetros transportado no suporte sob a fuselagem (configuração apelidada de Super Gun Bird). Os Bronco eram também operados em missões noturnas no lançamento de sinalizadores com paraquedas transportados nos suportes dos sponson (seis em cada suporte).

OV-10A do VMO-1, armado com dois casulos
 de canhão de 20mm GPU-2A 
A US Navy também se interessou pelo Bronco no final de 1968, e no ano seguinte tomou para seu uso 10 aeronaves do USMC para formar o esquadrão VAL-1 "Black Ponies", uma unidade de ataque encarregue do apoio aéreo às suas patrulhas fluviais no rio Mekong é as operações dos comandos SEAL. Estas aeronaves voavam aos pares armadas, uma com um casulo de canhão de 20 milimetros e a outra com um casulo de metralhadora Minigun, ambas com foguetes de ataque. 

Uma das queixas frequentes da tripulação era o calor excessivo dentro da canópia motivado pelo efeito de estufa da grande área envidraçada e pela ausência de ar condicionado. 

As tripulações achavam, de forma geral o AV-10 Bronco, manobrável com uma excelente taxa do rolamento providenciada pelo auxilio dos spoilers, mas com uma potência insuficiente, se um dos motores fosse perdido a velocidade inferior a 220 km/h o procedimento era colocar de imediato o acelerador no máximo, pois como a aeronave operava sempre a baixa altitude não era possível picar para adquir velocidade. À falta de potência é tambem atribuível o significativo numero de colisões com o solo principalmente em áreas de relevo acidentado. Outra das fraquezas era o teto de voo, pois embora as especificações indicassem que a aeronave podia atingir 7000 metros, no Vietname, apenas chegava aos 5500 metros. 

OV-10A #14605, disparando foguetes de fosforo
 branco para marcação de alvos sobre o Vietname
No total, 81 OV-10 Bronco foram perdidos durante a Guerra do Vietname, 47 dos quais em combate, 64 da Força Aérea (USAF), 7 da Marinha (US Navy) e 10 do Corpo de Fusileiros Navais (USMC).

Durante a Guerra do Vietname, a USAF solicitou à Rockwell uma versão de transporte ligeiro so OV-10, ao que a empresa respondeu com o conceito que designou OV-10T. Era basicamente um Bronco de maior envergadura com uma fuselagem alargada numa confuguração de cargueiro. A nova fuselagem permitia instalar assentos lado a lado para a tripulação, e poderia transportar oito passageiros, doze paraquedistas, seis macas com dois assistentes ou 2040 kg de carga. Também podia ser armada para uso em missões especiais. No entanto, a USAF perdeu o interesse e o OV-10T nunca foi além da fase conceitual. 

  • O OV-10 Bronco depois do Vietname
OV-10D #155474, integrado no VMO-2, participou nas
operações Tempestade no Deserto e Escudo do  Deserto,
 e atualmente esta a ser restaurado á condição de voo pelo
OV-10 Squadron
Durante a Guera do Vietname a USAF tinha operado 14 OV-10A modificados ao abrigo do programa Pave Nail e em 1970 a Rockwell foi contratada pela USNavy para modificar dois OV-10A para um novo padrão, YOV-10D NOGS (Night Observation Gunship), que pretendia dar aos Bronco do USMC capacidades operacionais noturnas avançadas. 

Os dois YOV-10D NOGS, eram células OV-10A modificadas, sem os sponson. O armamento era agora um canhão gatling de três canos General Electric M197 de 20 milimetros montado numa torre rotativa ventral á retaguarda, com o espaço de carga do Bronco utilizado para acomodar os sistemas da torre e as munições do canhão. O canhão estava conectado ao FLIR (Forward Looking InfraRed), e ao designador e iluminador de alvos laser, montado numa pequena torre sob um nariz alongado em 76 centimetros para acomodar os sistemas de video e imagem dos sensores. Os suportes das asas foram modificados para transportar tanques externos de combustível de 379 litros perdendo o suporte para misseis Sidewinder. Enviados para o Vietname para avaliação de combate, os dois YOV-10D realizaram mais de 200 missões operacionais integrados no esquadrão Black Pony da US Navy, demonstrando elevada eficácia em combate contra postos avançados inimigos,mesmo durante a noite. 

YOV-10D NOGS #155395
Foi decidido colocar a aeronave em produção com modificações adicionais nomeadamente o upgrade do grupo motopropulsor com motores Garrett T76-G-420/421 de 1040 SHP cada e novas hélices de materiais compósito. Isto seria no entanto pauco mais que o necessario para compensar o aumento de peso da aeronave com a instalação dos novos sistemas e armamento não existindo de facto uma melhoria relevante nas performances do Bronco.

A retirada dos EUA do Vietname significou a redução do financiamento da US Navy, daí resultando a não inclusão nas aeronaves modificadas do novo canhão, os sponson e respectivas metralhadoras foram por isso mantidos. 

A torre FLIR montada, adicionava um telémetro laser ao designador e iluminador de alvos, e os seus subsistemas eletrônicos foram instalados no compartimento de carga.

Foram também adicionados supressores de calor aos escapes de exaustão dos motores para reduzir a assinatura infravermelha da aeronave.

Apenas 18 OV-10A do USMC foram modificadas para a nova configuração OV-10D NOS (Night Observation System), assim designada devido à supressão do canhão gatling, tendo a sua implementação ocorrido após 1979.

OV-10D+ #155493 restaurado pelo projeto OV-10 Squadron
Os fuzileiros continuaram a do bom uso aos seus AV-10 Bronco, e na década de 1980, equiparam-nos sistemas de contramedidas melhorados, dois dispensadores de chaff e flare AN/ALE-39 instalados no meio de cada lado externo do prolongamento das necelas dos motores. Cada dispensador poderia transportar 30 flares ou cartuchos de chaff. Mais tarde os mesmos Bronco foram equipados com um radar de aviso AN/APR-39, um sistema de contramedidas infravermelhas AN/ALQ-144 (IRCM), que irradiava um sinal térmico intermitente para confundir os sistemas de orientação dos misseis de busca de calor. O sistema comunmente chamado “disco light” era montado em cima da fuselagem traseira do Bronco.

Em 1985, o USMC decidiu implementar um programa de atualização mais abrangente modificando 23 OV-10A e 14 OV-10D para o padrão OV-10D+, que incluia uma extensão de vida útil das estruturas da fuselagem, atualização dos motores e sistema FLIR, uma grande atualização dos aviónicos com um esquema Glass Cockpit parcial e novas capacidades de comunicação tatica. A capacidade dos pontos de suspensão das asas para misseis AAM Sidewinder foi também restaurada.

A entrega destas aeronaves modernizadas começou em 1990, mesmo a tempo para entrarem em combate durante a Operação Tempestado no Deserto contra o Iraque, após este ter invadido o seu vizinho Kuwait.

Mais uma vez os OV-10 Bronco prestaram um serviço excepcional durante esta campanha, apesar de dois terem sido abatuidos mísseis iraquianos. A USAF não implementou no terreno os seu AV-10 durante a operação, pois eles eram considerados muito vulneráveis.

OV-10D+ da NASA em 2009
Embora os fuzileiros continuassem após a guerra, a atualizar suas aeronaves OV-10D+, com um sistema de aviso de mísseis AN/AAR-47, e a extensão de vida de serviço permitir manter os OV-10 Bronco em operação durante mais uns anos, limitações de financiamento forçaram o USMC a retirar as aeronaves de operação. Os últimos OV-10 Bronco do USMC foram retirados de serviço na primavera de 1994, um ano depois da USAF ter também retirado os seus. 

Em 2009 a USAF confrontada com uma serie de conflitos de baixa intensidade começou a manifestar interesse em obter uma aeronave de ataque ligeiro (COIN), que se traduziu no lançamento do programa LAAR (Light Attack/Armed Reconnaissance). Vários fabricantes de aeronaves responderam ao desafio apresentando um largo conjunto de propostas, baseadas em modificações de plataformas de instrução (entre outros o Embraer A-29 Super Tucano, o Beechcraft AT-6 Wolverine, o o Leonardo M-346F, o BAE Systems Hawk e o FMA IA 58 Pucará) e mesmo aeronaves agrícolas (o L3 AT-802L Longsword). 

A Boeing, herdeira dos direitos de produção do OV-10 Bronco, concorreu ao programa com o OV-10(X) Super Bronco, a proposta de nova variante da aeronave profundamente revista e modernizada. Externamente o Super Bronco seria muito parecido com a do OV-10D, mas teria novos e mais potentes motores, um Glass Cockpit, novos aviônicos incluindo um moderno sistema de sensores EO/IR (Electro-Optical/Infra-Red) conectado ao sistema de designação e aquisição de alvos, metralhadoras de 12,7 milimetros nos sponson, um canhão de 30 milimetros num casulo sob o ponto de fixação sob a fuselagem e capacitação para o mais recente armamento aerotransportado incluído 12 misseis Hellfire.

OV-10G+ #155492
O Super Bronco não faz parte das propostas finalistas ao programa LAAR mas parece que a ideia não foi ainda totalmente descartada, pois o OV-10 foi desenvolvido e optimizado como plataforma COIN e não parece fácil pensar numa fuselagem melhor para o efeito. O problema é que reiniciar uma linha de produção não é um trabalho trivial, e sem uma encomenda substancial, não é provável que aconteça. 

O anúncio da morte da Bronco nos EUA na década de 1990 após a sua retirada de serviço parece ter sido manifestamente exagerada. Para provar isso, em 2011 o Special Operations Command (SOCOM - comando unificado de operações especiais dos EUA encarregado de supervisionar as operações das forças especiais que fazem parte do Exército, da Força Aérea, da Marinha e dos Fuzileiros Navais das Forças Armadas dos Estados Unidos) alugou dois OV-10D+ Bronco que estavam na posse da NASA para realizar o estudo de uma nova abordagem a missões COIN sob o nome de código Combat Dragon II. 

O programa Combat Dragon II, um Experimento Objetivo Limitado (LOE), tinha como objetivo demonstrar que um pequeno avião turboélice devidamente militarizado pode ser eficaz em missões especiais do tipo das frequentemente realizadas no Afeganistão e noutros cenários operacionais. Uma experiencia semelhante à Imminent Fury realizada em 2007, que usou um A-29B Super Tucano para recolher informação semelhante.

OV-10G+ #155492, no experimento Combat Dragon II, 2015
As duas aeronaves (#155481 e #155492), tinham feito parte de um lote de doze OV-10D+ do USMC, que já tinham sido operadas pelo ATF (Bureau of Alcohol, Tobacco and Firearms) e na década de 1990 tinham sido colocadas ao serviço do Department of State Air Wing (anteriormente International Narcotics and Law Enforcement Affairs, INL Air Wing) que as usara em operações contra o narcotráfico na America Latina. Daí as aeronaves foram entregues à NASA que as cedeu para se tornarem parte do programa Combat Dragon II.

As duas aeronaves foram modernizadas para o padrão OV-10G+, um upgrade realizado no Arizona pela Marsh Aviation que anteriormente modernizara os Bronco da Força Aerea Colombiana e Filipina.

O OV-10G+ mantinha os mesmos motores Garrett T76G-420/421 do OV-10D, mas a hélice foi substituída por uma Hartzell de quatro pás. Na torre cardan de sensores sob o nariz foi colocado um moderno L3 Wescam MX-15HD com câmaras eletro-ópticas e de infravermelho (EO/IR) de alta definição telêmetro, designador e iluminador laser de alvos e um sensor de banda SWIR (Short-wave infrared), para permitir obter imagens multiespectrais de alta definição. O cockpit foi modernizado com novos aviónicos, foi instalado um sistema dispensador de contramedidas NA/LE-47 da BAE, e a aeronave foi capacitada para uso de armamento moderno incluindo casulos de foguetes de 70 milimetros APKWS II (Advanced Precision Kill Weapon System II).

Bronco Combat Systems,  Bronco II
A avaliação decorreu no Afeganistão, tendo terminado em 2014, mas os dois OV-10G+ saíram de Espanha em 2015 e terão estado em combate no Iraque durante o ano 2016 eventualmente ao serviço do US AFRICOM (United States Africa Command).

Mais recentemente, em 2018 emergiu nos EUA a Bronco Combat Systems, uma parceria entre a Paramount Group USA, a Fulcrum Concepts LLC e a ADC, para apresentar o Bronco II, uma aeronave ligeira de ISR (Intelligence, Surveillance and Reconnaissance) e ataque para o mercado militar dos EUA, aproveitando a plataforma de reconhecimento AHRLAC desenvolvida na Africa do Sul em conjunto com a Fulcrum Concepts LLC responsável pela intregração de sistemas militares.

  • Uso do AV-10 Bronco fora dos EUA 
No início da década de 1970 a Alemanha Federal adquiriu seis Bronco, com uma configuração designada OV-10B, destinados a servir como rebocadores de alvos. O operador do reboque do alvo sentava-se na área de carga que fora provida de uma redoma transparente para dar ao operador visão para a retaguarda da aeronave e assim poder controlar o alvo.

OV-10B(Z)
Os alemães ocidentais também adquiriram aeronaves OV-10B(Z), idênticas ao OV-10B, mas com um propulsor General Electric J85-GE-4, com 13,1 kN de impulso montado na parte traseira superior da fuselagem em suportes fixos à raiz das asass. O turbojato aumentava a velocidade do Bronco em 160 Km/h, triplicou a sua taxa de subida e reduziu pela metade a distância de decolagem. O primeiro OV-10B(Z) voou em setembro de 1970, mas parece que apenas um foi fornecido nesta configuração tendo os outros 11 sido fornecidos como OV-10B e modificados na Alemanha. Ao que parece o motor a jato mostrou-se pouco confiável em serviço e por isso foi removido das aeronaves. 

Os OV-10B alemães operaram até 1990 altura em que foram substituídos por aviões de origem suiça Pilatus PC-9.

A Tailândia encomendou um lote de 16 Bronco em 1969, numa configuração identificada por OV-10C, mas que era basicamente igual ao OV-10A sem os pontos de suspensão das asas e algumas diferenças nos aviónicos. Em 1973 a Tailândia encomendou um novo lote de 16 aeronaves e mais 6 em 1977, aumentando para 38 o número total de OV-10C Bronco no seu efectivo. A frota Tailandesa de OV-10C Bronco foi retirada de serviço em 2003 tendo algumas das aeronaves sido vendidas para as Filipinas.

OV-10A, FA Colombiana
Também em 1970 a Venezuela encomendou um lote de 16 Bronco configurados como OV-10E, embora pouco diferentes fossem dos OV-10A. As aeronaves foram entregues a partir de 1973. Seriam usadas em combate em pequenas escaramuças contra insurgentes e também nos golpes de estado fracassados de 1992, levados a cabo pelo Movimiento Bolivariano de Hugo Chavez, durante os quais vários teriam sido abatidos.

As Filipinas obtiveram um lote de 24 OV-10A do stock das forças norte-americanas no inicio da década de 1990, adquiriram em 2003 mais alguns originários da Tailândia e mais 4 em 2019. Estas aeronaves foram sujeitas a um programa de prolongamento de vida das estruturas e fuselagem, as hélices foram substituídas por novas hélices Hartzell, foram equipados com sistema de navergação GPS (Global Positioning System), o foram sucessivamente modificadas para usarem modernas munições de precisão. São utilizadas em missões de busca e salvamento e missões anti terrorismo e contrainsurgência. 

A Indonesia adquiriu 16 OV-10F, em 1976, aeronaves OV-10A do stock excedentário das forças norte americanas, mas que atualmente já foram retiradas de serviço e substituídas por Embraer Super Tucano.

Na década de 1980, Marrocos e a Colombia também adquiriram aeronaves AV-10A Bronco, seis e sete respectivamente, do excedente Norte-americano, encontrando-se atualmente já fora de serviço ou em processo de substituição.

  • Outros utilizadores do OV-10 Bronco
OV-10 Bronco  Cal Fire, do CFD
A NASA adquiriu inicialmente à Rockwell uma célula AV-10 de teste para seu uso próprio uma vez que a aeronave era adaptável a várias configurações e possuíam uma área de carga onde poderiam ser instalados diversos tipos de instrumentos de teste e pesquisa. Três outras aeronaves excedentárias foram adquiridas posteriormente pela NASA depois de terem sido dispensadas pelo DoS (pelo Department of State Air Wing terão passado 22 OV-10 Bronco dos excedentes da USAF e USMC) que as utilizara em operações contra o narcotráfico na America Latina. Duas dessas aeronaves seriam cedidas para o programa Combat Dragon II permanecendo os restantes ainda ao serviço da NASA em Langley.

Na década de 1990 após o OV-10 Bronco ter sido retirado do serviço pelas forças armadas norte americadas várias células foram adquiridas pelo Departamento de Florestas da Califórnia (CDF) para os para reconhecimento e observação florestal na busca de incêndios e para direcionar as aeronaves de combate para os pontos quentes durante o combate a incêndios florestais.

As aeronaves remasnescentes foram entregues a museus ou armazenadas para serem canibalizadas para o fornecimento de peças.

Atualmente uma organização privada norte americana autodenominada OV-10 Squadron, adquiriu sete células de OV-10 Bronco em diversos estados de conservação e propôs-se levar a cabo o seu restauro e restituição à condição de voo. Neste momento, os trabalhos de restauro da célula, do OV-10D+ número 155493, já foram concluídos tendo a aeronave sido restituída à condição de voo.
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FICHA DA AERONAVE

GERAL:
  • ANO DO PRIMEIRO VOO: 1965
  • PAÍS DE ORIGEM:  EUA
  • PRODUÇÃO:  360 unidades produzidas entre 1965 e 1986
  • PAÍSES OPERADORES: EUA, Colombia, Filipinas, Indonésia, Marrocos, RFA, Tailandia, Venezuela
ESPECIFICAÇÕES 
  • VARIANTE: OV-10D
  • FUNÇÃO:  Reconhecimento e ataque ligeiro
  • TRIPULAÇÃO:  2
  • MOTOR:  2 × turbo-hélice Garrett T76-G-420/421
  • PESO VAZIO: 3127 (kg)
  • PESO MÁXIMO NA DESCOLAGEM:  4494 (kg)
  • COMPRIMENTO: 13,41 (m)
  • ENVERGADURA: 12,19 (m)
  • ALTURA: 4,62 (m)
PERFORMANCE
  • VELOCIDADE MÁXIMA:  463 (km/h)
  • RAIO DE COMBATE: 2224 (km)
  • TETO MÁXIMO:  9159  (m)
ARMAMENTO
  • FIXO: 
4 x metralhadoras M60C de 7.62mm

  • CARGA BÉLICA:
7 x pontos de fixação para 1200 kg de armamento, combinando até:
    2 x AIM-9 Sidewinder (nas asas);
    4 x bombas de 227 kg;
    4 x Casulos de foguetes (7/19) Hydra 70 ou Mk 4 FFAR;
    4 x Casulos de 5 foguetes Zuni de 127mm;
    4 x misseis AGM-114 Hellfire;
    1 x Casulos GPU-2/A ou  Mk 4 Mod 0 com canhão de 20mm;
    3 x casulos SUU-11B/A com metralhadora 7,62mm

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PERFIL
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DESENHOS
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FONTES
REVISÕES E RECURSOS ADICIONAIS
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  • Publicação e Revisões
# Publicado em 2020-02-15 #
  • Recursos Adicionais
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