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Entre 1940 e 1944, durante a luta pelo controlo do espaço aéreo sobre a Europa Ocidental ocorreu uma verdadeira corrida tecnológica entre alemães, ingleses e norte americanos para desenvolver melhores e mais versáteis aviões de combate.
Desenvolvido por Kurt Tank, longe dos olhares dos aliados, o caça Focke-Wulf Fw 190, fez o seu aparecimento na segunda metade de 1941, no rescaldo da Batalha de Inglaterra, mostrou-se superior em quase todas as características ao Spitfire Mk V, o melhor caça até então disponível na RAF.
Até à captura de um Fw 190A-3 intacto, em junho de 1942, a RAF perdia, em média, dois Spitfire por cada Fw 190 que conseguia abater, mas o estudo do caça capturado permitiu identificar as vulnerabilidades do Fw 190, e restabelecer o equilíbrio com a introdução, do Spitfire Mk IX, que ainda assim era incapaz de igualar o Fw 190 em rolamento e mergulho. Embora não seja possível determinar com exactidão a produção total até final da Guerra, estima-se que cerca de 20500 de unidades, de todas as versões tenham sido construídas.
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GALERIA
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HISTÓRIA
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- Origem e conceitos base
Ironicamente, aquele que seria visto como o melhor caça alemão do conflito teve como início, pouco credível, o pedido do OKL (Oberkommando der Luftwaffe), Alto Comando da Luftwaffe, de um caça alternativo que pudesse reduzir a dependência do Messerschmitt Bf 109, que desde 1936 se afirmara como a espinha dorsal dos grupos de caças de primeira linha da Luftwaffe.
Focke-Wulf Fw 44 Stieglitz |
A Focke Wulf esteve entre as empresas que anteriormente tinham apresentado propostas de caças alternativos, mas os seus projetos iniciais foram rejeitados por não apresentarem vantagens significativas e por serem baseados no mesmo motor Daimler-Benz DB 601, do Messerschmitt Bf 109, sendo entendimento do RLM que o novo caça não poderia aumentar a solicitação sobre a Daimler-Benz que era já superior á sua capacidade e resposta.
Fw 190V-1 em construção na Focke-Wulf Flugzeugbau AG |
Sob pressão do regime a Focke-Wulf Flugzeugbau,AG adquire em 1931 a Albatros-Flugzeugwerke GmbH, que construíra o famoso caça Albatros durante a Primeira grande Guerra, e onde Kurt Waldemar Tank trabalhava como engenheiro e piloto de testes, nos subúrbios de Berlin. Kurt Tank começa por trabalhar no projeto do Focke Wulf Fw 44 Stieglitz, e rapidamente ascendera a uma elevada posição dentro da hierarquia da empresa como projetista chefe, participando em projetos de aeronaves importantes como o Focke-Wulf Fw 200 Condor para a Deutsche Lufthansa.
Inicialmente o contrato de desenvolvimento atribuído pelo RLM englobava apenas o projeto e construção de três protótipos de um novo caça, mas Kurt Tank, viu nele uma oportunidade para validar e aplicar conceitos diferentes dos que eram usualmente aplicados pela indústria aeronáutica aos caças contemporâneos.
Fw 190V-1, Primeiro prototipo |
Na conceção de Kurt Tank, um caça deveria ser, ao invés, um “cavalo de infantaria”, fiável, de fácil controlo em voo, robusto para suportar danos de combate e mesmo assim regressar à base, onde uma manutenção simples o poderia colocar rapidamente em condição de voltar ao combate, sendo essencial que a manutenção, além de simples pudesse ser feita em bases improvisadas como seriam as que fossem estabelecidas próximo da linha da frente, e requeresse apenas pessoal com conhecimentos técnicos mínimos.
O motor foi outra das questões levantadas pela impossibilidade imposta, ao uso do, então, melhor motor disponível na Alemanha o Daimler-Benz DB 601. No final da década de 1930 alguns países, incluindo a Alemanha tinham em desenvolvimento motores radiais arrefecidos a ar com potências entre 1500 e 1700 cavalos que excediam a potência dos motores de cilindros em V.
Fw 190V-1, Primeiro protótipo na configuração original |
O problemas do arrasto excessivo fora parcialmente solucionado pela NACA que desenvolvera durante o final da década de 1920, uma melhoria extrema ao uso destes motores na aeronáutica, colocando um anel em forma de aerofólio em redor do lado de fora das cabeças dos cilindros (o capot NACA), que acelerava o ar que entrava na frente do capuz, aumentando o fluxo de ar total e permitindo que a abertura na frente do motor fosse menor.
Por tudo isto, a abordagem que Kurt Tank impôs aos projetistas da Focke Wulf, diferiu da tradicionalmente seguida e o caça que gradualmente adquiriu forma nas pranchetas, embora possuísse um aspeto convencional para a época, era motorizado por um promissor motor radial de 18 cilindros BMW 139, cuja potência estimada ascendia aos 1550cv e incluía inúmeras inovações, a nível estrutural, mecânico e aerodinâmico.
Fw 190V-1, (D-OPZE) Primeiro protótipo |
Mais do que qualquer outro caça seu contemporâneo o Fw 190 foi projetado para ser de fácil produção em massa, e de fácil reparação, manutenção e revisão, apesar do enfase dado à redução do peso e compactação (considerando o tamanho do seu motor o Fw 190 seria extraordinariamente pequeno em comparação com os seus contrapartes).
Fw 190V-1, após a substituição do spinner original |
Embora o projeto tivesse sido iniciado em 1937, só em julho de 1938 começou o desenvolvimento acelerado da aeronave e a construção do primeiro protótipo, depois do departamento técnico do RLM ter formalmente contratado a Focke-Wulf na Primavera. O novo caça recebeu a designação de Focke-Wulf Fw190 Würger, embora o nome de pássaro (Würger - Picanço em Português) não recebesse reconhecimento posterior.
- Protótipos e aeronave de pré-produção Fw 190A-0
O primeiro protótipo foi concluído em finais de maio de 1939, iniciando no mês seguinte os primeiros testes de voo. Nesta fase o sistema de arrefecimento do motor não estava ainda maduro e o motor sofria de sobreaquecimento permanentemente, da mesma forma que os pilotos se queixavam do calor excessivo dentro do cockpit, mas apesar disso era evidente que o Fw 190 possuía excelentes características de voo e manobra. O fácil manuseamento da aeronave era potenciado pelos ativadores elétricos das superfícies de controlo nas asas e empenagem e do trem de aterragem em substituição dos tradicionais sistemas mecânicos e hidráulicos.
Fw 190V-5k, terceiro protótipo |
As modificações inseridas no ventilador do motor não reduziram os problemas de sobreaquecimento do motor, e as vantagens do spinner sobredimensionado foram reavaliadas, no V1, que viu o seu substituído por outro de dimensões convencionais (o protótipo modificado passou a exibir a identificação FO+LY). Os problemas, no entanto, permaneceram durante os testes de voo reiniciados em janeiro de 1940, tornando-se claro, a partir desse momento que era necessário equacionar a substituição do motor.
A BMW (Bayerische Motoren Werke AG ) estava também insatisfeita, e ciente que o sobreaquecimento crónico do BMW 139 (essencialmente dois BMW 132 conectados), tinha origem nele próprio, e por isso já anteriormente, em 1936, decidira desenhar um motor completamente novo e mais avançado. Tinha por isso em fase de desenvolvimento avançado BMW 801 de 14 cilindros, mais moderno e potente, mas também mais pesado e mais comprido que o BMW 139, embora mantivesse o mesmo diâmetro. O novo motor era pioneiro no uso do que hoje seria designado como unidade de controle do motor (Engine Control Unit), então Kommandogerät, um sistema que assumia a gestão automática de vários parâmetros do motor, permitindo a operação correta com apenas uma alavanca do acelerador. O Kommandogerät funcionava efetivamente como um computador eletro-mecânico que ajustava a mistura de combustível, o passo da hélice (em hélices de velocidade constante ), o impulso e a temporização do magneto de ignição de combustível. A BMW projetou também a carenagem dianteira do motor com um sistema integral de refrigeração do óleo.
Fw 190V-5g, com as asas de maior envergadura |
Mudar para um motor maior e mais pesado significava para os projetistas da Focke Wulf aumentar o comprimento da fuselagem e eventualmente da envergadura do Fw190 e por conseguinte o V5 representava uma quase total reconstrução da aeronave, reconstrução que conduziria a uma aeronave superior, com maior potencial de desenvolvimento e capacidade para armamento mais pesado, incluindo o armamento na fuselagem desejado pelo RLM.
O quinto protótipo acabaria circunstancialmente por ser projetado em duas versões, uma primeira com uma envergadura de 9,5 metros (V5k) e uma segunda, final, com uma envergadura aumentada para 10,383 m (V5g), ambas com uma fuselagem de 8,798 m de cumprimento.
O protótipo Fw 190V5k, equipado com o motor BMW 801C-0 de pré-produção (semelhante à versão A, mas com um modo de combate na segunda velocidade do supercharger), foi testado pela primeira vez em abril de 1940.
Fw 190V-6, o primeiro Fw 190A-0 (Pré-produção) |
Em agosto de 1940 durante um teste, a asa do V5k foi danificada numa colisão com um veículo, disso resultando a decisão dos projetistas de a reconstruir com uma maior envergadura, surgindo assim o V5g.
O aumento da envergadura, reduziu o aumento da carga da asa, permitindo restaurar as excelentes características de voo do V1 degradadas pelo aumento de peso do V5k. O V5g era muito mais manobrável e tinha uma melhor taxa de subida, com um custo relativamente baixo na velocidade máxima, reduzida em apenas 9,6km/h.
Fw 190A-0 |
A liderança de Fokke-Wulf, decidiu nesta fase, atribuir a letra A com um número separado por um hífen não apenas aos caças convencionais, mas também os posteriores variantes. As variantes com diferentes complementos de armamento de serie seriam identificadas adicionalmente com o número do kit de conclusão ou modificação de fábrica (Umrüst-Bausatz), como por exemplo Fw 190A-1/U-1. (os Umrüst-Bausatz, kits para modificações em serie identificados pela letra U, não podem ser confundidos com os Rüstsätze identificados pela letra R, que eram kits produzidos para modificações em campo).
Embora o motor BMW 801 tenha proporcionado uma grande melhoria em relação ao BMW 139 dos primeiros protótipos, a sua avaliação em serviço nos Fw 190A-0 foi, ao início, atormentada por problemas de sobreaquecimento que originavam falhas de motor e por vezes incêndios, tornando os pilotos relutantes em pilotar a aeronave para muito longe de seus aeródromos. As responsabilidades atribuídas de forma acesa pela Focke-Wulf à BMW quase puseram em risco a prossecução do programa de desenvolvimento, com o RLM a ameaçar cancela-lo.
Em meados de 1941, e após cerca de 50 modificações, o Fw 190 foi aprovado para produção em série distribuída por várias fábricas na Alemanha, que iniciaram as entregas do primeiro modelo com aprovação operacional, o Fw 190A, em junho.
- Fw 190A-1
Fw 190A-1, do 4.JG26 |
A primeira variante o Fw 190A-1, era alimentado por um motor BMW 801C-1, com uma potência à decolagem avaliada em 1539cv, que possibilitava uma velocidade máxima de 624 Km/h. O armamento era composto por quatro metralhadoras MG17 de 7,92 mm sincronizadas (duas na fuselagem e duas na raiz das asas) e dois canhões de 20 milímetros MG FF/M, nas asas para lá do arco da hélice. A produção das 100 unidades A-1 decorreu em Hamburgo e Bremen, tendo decorrido até outubro de 1941, para dar lugar ao Fw 190A-2. Foram produzidos 102 Fw 190A-1.
- Fw 190A-2
Fw 190A-2, do 9.JG2, França, 1942 |
- Fw 190A-3
A partir de março de 1942 foi introduzida a variante Fw 190A-3, equipada com motor BMW 801D-2, com uma potência estimada de 1700cv, e a produção foi acelerada, envolvendo agora oito empresas, além da Focke-Wulf. O armamento do antecessor foi mantido, mas várias aeronaves incorporaram para efeito de teste, novas opções de armamento e equipamentos para funções especializadas, que, se assim se fosse decidido seriam incorporados nas aeronaves por via de kits de modificação de serie (Umrüst-Bausatz), originando subvariantes Fw 190A-3/U#, em que o U# identificaria o kit de opções instalado.
Fw 190A-3, do JG2, França, 1942 |
Por esta altura, no auge da Batalha de Inglaterra, a RAF estava a perder, em média, dois Spitfire Mk V por cada Fw 190 abatido, e conhecia muito pouco sobre ele, até um piloto da Luftwaffe que confundiu o Canal de Bristol com o Canal da Mancha aterrou com o seu Fw 190A-3 intacto na base da RAF em Pembrey, no sul de Gales. Seu avião foi o primeiro Fw 190 a ser capturado pelos Aliados sendo testado para revelar qualquer fraqueza que pudesse ser explorada. Foram produzidos 509 Fw 190A-3.
- Fw 190A-4
Fw 190A-4, do JG2, (Y4+I), Vannes, França, 1943 |
A velocidades das entregas do Fw 190 foi aumentada com a extensão das linhas de produção para novas fabricas incluindo a Fieseler GmbH em Kassel-Waldau. A incorporação de modificações nas linhas de produção por via da incorporação de kits de conversão anteriormente testados intensificou-se. Além dos anteriormente testados U1, U3, U4 é introduzido U8, que tornava o Fw 190 num caça-bombardeiro de longo alcance com um suporte ETC-501 sob a fuselagem, para uma bomba de 500 kg e suportes para tanques de combustível de queda sob as asas. Posteriormente o Fw 190A-4/U8, daria origem á versão Fw 190G especializada no ataque a solo. Com o A-4 surgem os primeiros kits de conversão em campo (Rüstsätze), o R1 que consistia na instalação de um rádio FuG16ZE, destinado às aeronaves dos comandantes e coordenadores de operações, e o R6 que consistia na montagem de dois lançadores de foguetes WGr 21 sob as asas.
Fw 190A-4 |
A versão A-4 foi a primeira variante do Fw 190 a ser enviada em quantidades significativas para frente russa, onde chegou no final de 1942. Foram construídos um total de 909 Fw 190 A-4 .
- Fw 190A-5
Fw 190A-5/U11, armado com dois canhões MK103 de 30 mm |
A introdução destas modificações em produção ocorreu em novembro de 1942 na nova versão Fw 190A-5, sendo incorporadas em todas as versões posteriores (excluindo a serie D).
Entre os inúmeros kits de conversão aplicados ao A-5 incluem-se o R6, cujos foguetes de 21cm WGr21 tinham como alvo principal as formações de bombardeiros aliados, B-17 e B-24, tal como o U12 que proporcionava ao Fw 190 quatro canhões MG151/20 de 20mm adicionais, em dois contentores WB 151 sob as asas. Os kits U11 e R3 que incorporavam no Fw 190 dois canhões MK 103 ou MK 108 de 30 mm, em casulos sob as asas foram testados em operação para uso contra colunas de viaturas blindadas, que posteriormente dariam origem à versão Fw 190F. O número de Fw 190 A-5 produzidos totalizou 680 aeronaves.
- Fw 190A-6
Fw 190A-5 U14, armado com um torpedo LTF5b |
Fw190A-6, do 4.JG54, Finlândia, verão de 1944 |
- Fw 190A-7
Em novembro de 1943, a produção transitou para a versão A-7, com um armamento padrão, reforçado, de duas metralhadoras MG 131 de 13 mm e quatro canhões MG 151/20. Devido à dimensão do alimentador de munições das MG 131 foram instaladas carenagens aerodinâmicas em frente ao cockpit, que formaram uma “corcunda” característica desta e todas as subsequentes versões, ao mesmo tempo, que a mira ótica Revi C/12D foi substituída pela mais moderna Revi 16B.
Fw 190A-7, do JG26, França, 1944 |
O aumento do peso exigiu a instalação do trem de aterragem reforçado que havia sido desenvolvido anteriormente para a versão caça-bombardeiro Fw 190F, uma vez que A-7 era geralmente era equipado suportes ETC 501 para bombas ou tanque externos de combustível e era compatível com todos os kits de conversão desenvolvidos para as anteriores versões (21 no total). Entre novembro de 1943 e abril de 1944 foram produzidos 620 Fw 190A-7.
- Fw 190A-8
A versão definitiva que entrou em produção na segunda metade de 1944, o A-8, era similar à anterior em quase todos os aspetos, mas possuía algumas mudanças internas e externas que buscavam aumentar sua performance. A mais importante foi a instalação com sucesso, pela primeira vez do sistema MW-50 de injeção de água e metanol no motor, que permitia obter potência adicional em situação de combate, por um breve período de tempo. Para isso a aeronave foi equipada com um tanque de 115 litros de capacidade atrás do assento do piloto para armazenar a mistura de água e metanol, mas que podia também ser usado para combustível.
A instalação do tanque exigiu outras mudanças internas e a mudança do suporte ETC 501, agora instalado na linha do produção 20 cm para a frente para manter o eixo de gravidade. O A-8 era equipado com um rádio FuG 16ZY, que possuía uma antena chicote muito característica sob a asa esquerda imediatamente atrás do poço da roda, ao mesmo tempo, que o tubo de pitot para medição da velocidade foi instalado na ponta da asa direita. O A-8, possuía uma nova hélice VDM 9-12176A com pás em madeira (as versões anteriores possuíam hélice com pás de metal VDM 9-12067A ou em menor numero VDM 9-12153A), uma canópia que melhorava a visibilidade do piloto (fora inicialmente desenvolvida para a variante caça-bombardeiro Fw 190G), e blindagem reforçada no motor e cabeça do piloto. Nesta forma, a fuselagem do Fw 190 foi o ponto de partida para todas as seguintes variantes, incluindo o Fw 190D e o seu derivado Ta 152.
Fw 190A-8, do JG26, França, 1944 |
Fw 190A-8/R2 (Sturmbock) era armado com um canhão de tiro rápido Mk 108 de 30mm em cada asa |
A partir de inícios de 1944, a produção de aviões de combate na Alemanha aumentou massivamente, como parte do programa de emergência de caça, e como o projeto modular do Fw 190 facilitava a expansão da sua produção para novos fabricas, o A-8, foi massivamente construído até advento do Fw 190D-9 no verão de 1944, atingindo as 6550 unidades.
- Fw 190A-9
A última das variantes da serie A de produção, o A-9 era para ser equipada com um motor BMW 801F com uma potência estimada de 2400cv, que estava em desenvolvimento no final da guerra (e que acabaria por nunca entrar em produção). Na falta do motor pretendido, o A-9 foi equipado com um BMW 801TS que desenvolvia uma potência de 2000cv, cuja implementação na fuselagem exigiu algumas mudanças internas e outras externas em relação ao antecessor, mas que eram visualmente impercetíveis. A produção foi iniciada no outono de 1944, mas devido à escassez de motores BMW 801TS a produção do A-8 foi mantida em paralelo até ao final da guerra.
Os planos originais previam o uso de uma hélice de madeira Heine ou Schwartz de 3,5 metros de diâmetro e pás largas no entanto o A-9 foi contruído com uma hélice VDM 9-12176A já usada em anteriores versões. A mudança mais visível externamente em comparação às versões anteriores foi a adaptação da canópia padrão usada na versão F-8 que melhorava a visibilidade do piloto. Algumas aeronaves foram construídas com o padrão da empenagem desenvolvida para o Ta 152. O Fw 190 A-9 tinha o mesmo armamento que o A-8 e podia usar o mesmo conjunto de kits.
Fw 190A-9, do II.JG4, inicio de 1945 |
Com uma produção de 660 aeronaves, a variante A-9 foi o último Fw 190A da serie a entrar em produção, uma vez que o projeto da variante fortemente modificada A-10 não seria concluído.
- Fw 190B e Fw 190C
Apesar das suas boas características de voo e desempenho, o Fw 190A tinha desde inicio uma fraqueza, que se tornou cada vez mais evidente à medida que a guerra avançava, o fraco desempenho do seu motor em altitudes mais elevadas. O BMW 801 foi originalmente projetado para uso em bombardeiros de baixa e média altitude e por isso não possuía compressor, daí resultando uma rápida diminuição do seu desempenho em altitudes superiores a 6000 metros.
Fw 190V-18/U1 |
A primeira tentativa, da Focke-Wulf para solucionar o problema foram os três Fw 190A-3/U7 com motor BMW 801D-2 com um sistema de injeção óxido nitroso GM-1, que levaram a empresa a desenvolver dois conceitos da aeronave para operações em altitude, o Fw 190 B e C, o primeiro equipado com um motor BMW 801 turbo, e o segundo com um V-12 Daimler-Benz DB 603.
O primeiro protótipo da variante B, o V-12, com o motor equipado com um sistema de injeção de óxido nitroso GM-1 foi dececionante e os que se lhe seguiram não foram muito melhor. A conclusão de que o uso do motor BMW 801 em altitude não seria viável não tardou e por isso no verão de 1943 o desenvolvimento foi cancelado, na altura em que os esforços da Focke-Wulf já estavam voltadas para o Fw 190D, equipado com um motor Junkers Jumo, que se mostrava bastante promissor.
Fw 190V-18/U1 |
Problemas com o motor, atrasaram o voo inaugural do primeiro protótipo, V-13, até fevereiro de 1942, que foi seguido por outros, entre os quais o V-18, que apresentava as mudanças mais radicais, um motor DB 603 e um turbocompressor Hirth TK 11, uma combinação que deveria produzir 2000 cv, para mover uma hélice VDM de quatro pás. O motor sofria de sobreaquecimento e demonstrou falta de potência em voo, ao mesmo tempo que o turbocompressor permanecia problemático, em parte devido à falta das matérias primas necessárias para a produção adequada de ligas resistentes ao calor. Em fevereiro de 1943 o programa de desenvolvimento foi cancelado a favor do Fw 190D e Fw Ta 152.
- Fw 190D-9
O Fw 190D foi o resultado da terceira tentativa de produzir uma versão em alta altitude do Fw 190, depois do fracasso dos protótipos das series B e C. No início de 1943, Kurt Tank começou a trabalhar num novo caça superficialmente semelhante ao Fw 190, que apresentou ao RLM em abril, mas que foi rejeitado, por, segundo o RLM, ir causar uma disrupção na produção de caças. Em resposta, Tank, apresentou no mês seguinte, um novo projeto que usava mais componentes do Fw 190, e que seria motorizado por um Daimler Benz DB 603 ou um Junkers Jumo 213. O desenvolvimento da nova aeronave foi aprovado pelo RLM sob a designação de Ta 152A e Ta 152B e em dezembro foi adicionado ao projeto uma versão de elevada altitude o Ta 152H.
Fw 190V-53, (#170003, DU+JC, 2º Prótotipo do Fw 190D-9) |
Em janeiro de 1944 Kurt Tank propôs uma aeronave, motorizada por um Junkers Jumo 213A, que utilizava o máximo possível da estrutura do Fw 190A-8, e que estaria pronta para produção antes do Ta 152, e que ao mesmo tempo forneceria segurança perante uma possível escassez dos motores BMW 801 do Fw 190 padrão. Este projeto foi aprovado como Fw 190D-9, como sequência do A-8, e desenvolvido simultaneamente com o A-9.
Fw 190D-9 |
O anterior protótipo da serie C V17 (CF+OX), foi modificado e equipado com um motor Jumo 213, iniciando os teste de voo em maio de 1944 em Rechlin. Em junho, juntou-se o segundo protótipo, o V53 com motor Jumo 213CV, que tinha espaço para um canhão a disparar através do cubo da hélice. Era armado com duas metralhadoras MG131 de 13 mm e quatro canhões MG151 de 20 mm e tornou-se no primeiro protótipo de produção do D-9.
O segundo protótipo de produção, V54, introduziu o sistema MW 50, de injeção de água e metanol no turbocompressor para proporcionar uma potência adicional de emergência (de 1750cv para 2000cv) durante 10 minutos.
Fw 190V-56 (#170924, Protótipo do Fw 190D-11) |
No decorrer da produção, os engenheiros da Focke-Wulf trabalharam intensamente para melhorar a versão existente, com uma serie de kits de modificação de campo (Rüstsätze), amplamente desenvolvidos para o Fw 190D-9, dos quais os mais utilizados seriam o o R5, caça bombardeiro com suportes ETC50 para quatro bombas ou tanques de combustível nas asas e o R11, caça para qualquer tempo equipado com um piloto automático PKS 12, rádio FuG 16Za, transponder IFF FuG 25a e radio farol de navegação FuG 125 Hermine.
Em 5 de agosto de 1944, os Aliados bombardearam a fábrica da Focke-Wulf em Langenhagen, destruindo ou danificando vários protótipos Fw 190 e Ta 152, incluindo o V53 e V54, no entanto, por essa altura, o D-9 já havia entrado em produção na fábrica de Focke-Wulf em Cottbus.
Em outubro de 1944 a produção foi iniciada na Roland (WFG) em Nordenahm, na Fieseler em Kassel, enquanto outras empresas como a Junkers, a Mimetall, a Dornier, a Arado e a Siebel produziam partes. O número total de D-9 produzidos não é claro, existem registos de pelo menos 670 aeronaves até dezembro de 1944, e sabe-se que 1500 números de serie foram alocados ao D-9, embora isto não signifique que todas tenham sido concluídas.
Fw 190D-13, do I.JG26, 1945 |
Para Kurt Tank, designer-chefe da Focke-Wulf, o Fw 190 D-9, constituía uma solução temporária até que o mais avançado Ta 152, estivesse pronto para ser implantado, no entanto como solução temporária o desempenho da aeronave era surpreendente. Por isso o RLM solicitou que o desenvolvimento do D-9 prosseguisse, testando a instalação de do novo motor Jumo 213E sobrealimentado e com sistema de injeção de água e metanol MW-50 (Methanol-Wasser 50). Porém no outono de 1944, depois da Focke-Wulf ter realizado extensos testes com o novo motor, o RLM decidiu que o desenvolvimento deveria concentrar-se no uso do Jumo 213F e na instalação que ele possibilitava, de um canhão MG 151/20 de 20 mm ou MK 108 central de 30 mm, no bloco do motor. Em qualquer dos casos as a instalação desse canhão ditava que as duas metralhadoras MG 131 na fuselagem fossem removidas. Estes desenvolvimentos foram interrompidos com o fim da guerra, menos de duas dezenas de aeronaves D-11 D-12 e D-13 foram concluídas.
- Fw 190F, G e S, variantes de ataque ao solo e instrução
Fw 190A-0/U-4, protótipo do Fw 190F |
Fw 190F-3 |
A variante seguinte a entrar em produção foi o F-8 baseado na célula do A-8, razão pela qual as MG 17 foram substituídas por MG 131 de 13 mm, com 475 cartuchos cada. Em determinado ponto da produção a canópia foi substituída por outra de forma abobadada que dava maior visibilidade e liberdade de movimentos ao piloto, e que acabaria por ser incorporada nas versões seguintes do Fw 190, incluindo o A-8. Para compensar o peso cada vez maior à descolagem, a estrutura das asas na área do trem de aterragem foi adicionalmente reforçada.
Fw 190G-1 com uma bomba de 250 kg |
Fw 190G-8 com um suporte ETS-501 para bombas de 500 kg e dois SC-250 para bombas de 250kg |
O G-3, que foi baseado no Fw 190 A-5/U13, possuía um armamento reduzido aos dois canhões MG 151/20E da raiz das asas mas foi-lhe instalado um piloto automático PKS-11, para facilitar as operações de longo curso.
O G-4 era basicamente um G-1 equipado com sistema de corte de cabos de balões de barragem, mas é pouco provável que tenha sido construído em serie, da mesma forma que os G-5, G-6 e G-7 que definitivamente não entraram em produção.
Fw 190S-8/U1. foi usado na conversão de pilotos de bombardeiros em pilotos de caça |
- O Fw 190 em operação durante a Guerra
Fw 190A-4, do JG2, Vannes, França, fevereiro de 1943 |
Em combate o Fw 190, mostrou possuir uma série de vantagens sobre o Bf 109. Tinha uma velocidade máxima mais elevada em baixas e médias altitudes, melhor capacidade de manobra em torno do eixo longitudinal e maior poder de fogo. A boa visão do cockpit (em particular para a traseira), os lemes harmoniosamente coordenados e o trem de aterragem robusto e de bitola larga de bitola davam-lhe excelentes características nas manobras de aterragem e descolagem, mesmo com pesadas cargas externas e danos de combate. Tal como os projetistas esperavam, o motor radial BMW 801 mostrou ser mais resistente ao fogo e capaz de suportar mais danos de combate que o motor em V invertido Daimler-Benz DB 600, do Bf 109, no entanto este tinha uma taxa de subida mais elevada e acima de tudo proporcionava um melhor desempenho de combate em altitudes elevadas.
Fw 190-A3, do JG1,Holanda, 1942 |
Fw 190F-8, do II. SG 77, sobre a Rússia em 1943. |
A partir de meados de 1942, o JG2 e JG26 possuíam cada um, uma unidade de caças bombardeiros equipadas com Fw 190A-3/U3 (anteriormente operavam Bf 109F), com os quais realizavam ataques surpresa em voo de baixa altitude, para evitar os radares britânicos, a alvos de elevada qualidade no Canal da Mancha ou em território britânico. A rapidez e a dificuldade de detetar as aeronaves em voo de baixa altitude tornava a sua interceção pelo comando de caças da RAF uma tarefa raramente conseguida com êxito.
Fw 190A-3, do JG2 no Royal Aircraft Establishment, em Farnborough, depois de capturado em 1942 |
Em janeiro de 1943, a 8ª Força Aérea da USAAF iniciou os primeiros ataques estratégicos de bombardeiros a alvos no Reich, visando inicialmente alvos costeiros como Wilhelmshaven e Bremen, que ainda estavam dentro do alcance limitado dos caças de escolta americanos disponíveis na época, mas o objetivo final era alargar esses ataques para destruir e paralisar a produção de armamentos através de ataques de precisão à infra-estrutura militar-industrial do Reich alemão. Em contraste a estratégia da RAF consistia na realização de ataques noturnos às cidades alemãs, menos defendidas que alvos de natureza militar ou industrial, com o objetivos de desmoralizar a sociedade alemã.
Os caças de escolta Repúblic P-47 Thunderbolt, disponíveis à época, só conseguiam acompanhar as formações de bombardeiros durante parte do percurso até ao alvo deixando os bombardeiros vulneráveis aos ataques dos caças de interceção alemães, logo que eram obrigados a regressar à base. Apesar de fortemente armados e permanecerem em formação cerrada durante o voo, os bombardeiros eram vulneráveis aos grupos de caça de defesa do Reich e particularmente vulneráveis quando as formações eram quebradas e durante o regresso às bases, aos ataques das unidades de defesa da Luftwaffe compostas maioritariamente por Fw 190, Bf 109 e bimotores Bf 110.
Fw 190A-8, do JG3, em 1944 |
Nessa função operou a partir de 1943 como caça diurno e noturno infringindo, inicialmente, pesadas baixas aos bombardeiros aliados, levando inclusive os aliados suspenderem a campanha de bombardeamentos estratégicos em outubro de 1943. A campanha seria retomada no inicio do ano seguinte, seguindo uma nova estratégia, grandes formações de bombardeiros permanentemente escoltados pelos novos caças de longo alcance aliados, P-51 Mustang, que suplantavam os Fw 190A em altitudes elevadas a que agora se deslocavam os bombardeiros. Só com o surgimento do Fw 190D-9, em finais de 1944 a os caças aliados voltaram a ter um adversário capaz de os enfrentar com sucesso, mas o seu número era insuficiente para suster a superioridade numérica aliada.
A demonstrada qualidade e versatilidade do Fw 190 conduziu a que a sua implantação fosse estendida aos outros principais teatros de operação, nomeadamente no Norte de Africa e Rússia.
Fw 190A-7, do JG26, França, 1944 |
Em finais de 1942, à medida que as operações na frente ocidental acalmavam, vários esquadrões de Fw 190 foram transferidos para a frente oriental, onde a maioria das batalhas aéreas acontecia em altitudes mais baixas. Em 29 de setembro de 1942 um Fw 190 do JG51 obtém a primeira vitória aérea da aeronave na frente russa.
O Fw 190 apareceu na frente oriental no momento em que o Exército Vermelho começava a reduzir a reduzir a liderança tecnológica da Luftwaffe com a introdução de novos tipos de aeronaves como o Lavochkin La-5 , e os Yakovlev Yak-1B e Yak-9. O desempenho do Fw 190 permitiu à Luftwaffe manter o domínio aéreo durante mais algum tempo, mas em breve a superioridade numérica do Exército Vermelho ditaria o fim do domínio alemão dos céus da Rússia.
Fw 190A-8/R2 capturado na Operação Bodenplatte |
Entre 1943 e 1945 o Fw 190 constituiu a base dos cinco esquadrões de combate da Luftwaffe que operavam na frente Russa, em conjunto com um numero muito menor de aeronaves Messerschmitt Bf 109, Henschel Hs 123 e Hs 129 e Junkers Ju 87.
- Do final da Guerra aos dias de hoje
Fw 190A-5 capturado, avaliado em NAS Patuxent River, EUA, 1944 |
Finda a Guerra, os franceses encontraram vários Fw 190 em diversos estados de produção no seu território que foram entregues à SNCASO. Até final de 1946 a empresa entregou à Força aérea francesa 64 Fw 190A-5 que os operou até final da década.
Atualmente existem um número razoável de Fw 190 estão preservados em museus da Europa e Estados Unidos, inclusive o D-13/R11 (W.Nr.836017), que era pilotado no final da Guerra pelo Major Ritterkreuzträger Franz Götz (1913 - 1980), o último Kommodore da JG26.
Fw 190A-8(N), uma das replicas construídas pela FlugWerk GmbH, a partir de 1997 |
Os primeiros voos dessas aeronaves ocorreram em novembro de 2005.
Ironicamente, uma vez que os motores BMW 801 não estão disponíveis, foi utilizado o motor radial Shvetsov ASh-82FN de 14 cilindros, de origem russa licenciado pela China, de configuração e deslocamento semelhante ao BMW original, versões modernas do motor que equipou os maiores adversários russos do FW 190 durante a Guerra, os Lavochkin La-5 e La-7.
Do lote de 20 FW 190A-8N, alguns eram reproduções do Fw 190D de nariz alongado, nos quais foi utilizado um motor Norte Americano Allison V-1710.
FICHA DA AERONAVE
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- ANO DO PRIMEIRO VOO: 1939
- PAÍS DE ORIGEM: Alemanha
- PRODUÇÃO: 20000 (estimativa)
- PAÍSES OPERADORES: Alemanha, Turquia, Roménia, Hungria, França e Checoslováquia
- VARIANTE: Fw 190 A-8
- FUNÇÃO: Caça
- TRIPULAÇÃO: 1
- MOTOR: 1 x Motor Radial BMW AP-801D-2
- PESO VAZIO: 3475 (kg)
- PESO MÁXIMO NA DESCOLAGEM: 4900 (kg)
- COMPRIMENTO: 8,95 (m)
- ENVERGADURA: 10,50 (m)
- ALTURA: 3,95 (m)
- VELOCIDADE MÁXIMA: 652 (km/h)
- RAIO DE COMBATE: 500-1000 (km) com tanques de queda
- TETO MÁXIMO: 10300 (m)
- FIXO:
2 x metralhadoras MG-131 de 13 mm na fuselagem,
4 x canhões MG-151/20 de 20 mm, nas asas
- CARGA BÉLICA:
1 x suporte UZ ventral ETC-501 para uma bomba ou tanque de combustível, ou
1 x adaptador SC-250, ou
1 x ER-4 para quatro bombas SC-50, ou
4 x suportes ETS-50 para bombas de 50 kg
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DESENHOS
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